Prates busca reunião com Lula diante de especulações de saída, dizem fontes

Segundo a Bloomberg News, CEO da Petrobras quer verificar se segue com apoio do presidente para seguir no cargo após as críticas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira

Jean Paul Prates
Por Simone Iglesias - Martha Beck - Leda Alvim
05 de Abril, 2024 | 07:55 AM

Bloomberg — O CEO da Petrobras (PETR3; PETR4), Jean Paul Prates, busca uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para verificar se segue com apoio para o cargo, em meio a especulações sobre a sua saída — o que fez com que as ações da estatal tivessem forte volatilidade na quinta-feira (4).

Prates quer o apoio de Lula em meio às críticas repetidas do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, segundo duas pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News. A reunião ainda não foi marcada, disseram.

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Um encontro entre Lula e Prates nesta sexta-feira (5) já havia sido noticiado por publicações locais. O presidente visita cidades do Nordeste na quinta e sexta, mas volta a Brasília na tarde de sexta.

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A possível saída de Prates depois de mais de um ano no cargo ressalta como a Petrobras luta para atender a expectativas conflitantes do governo e dos acionistas minoritários.

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O governo Lula gostaria de ver a Petrobras atuar mais como um motor para o crescimento e o emprego, enquanto os acionistas se habituaram aos maiores pagamentos de dividendos da indústria, que entraram em declínio.

Prates quer permanecer no cargo, mas aguarda o apoio de Lula, disse uma pessoa próxima ao presidente da República. Silveira intensificou sua rivalidade com Prates após conceder entrevista a um jornal local, na qual disse discordar do suposto rumo da Petrobras.

Houve alguns sinais de que Prates pode prevalecer em seu papel. Silveira, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, e o ministro da Casa Civi, Rui Costa, realizaram uma reunião na quarta-feira e concordaram que a Petrobras pagaria dividendos extraordinários que Prates havia apoiado, mas foram anteriormente bloqueados por conselheiros alinhados a Silveira, disseram as pessoas.

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Lula ainda precisa assinar o pagamento, afirmaram.

Gráfico: movimentações das ações da Petrobras com notícias de saída do CEO

As ações ordinárias da Petrobras caíram na manhã de quinta-feira depois que a CNN Brasil, citando fontes anônimas, informou que a saída de Prates era iminente. As ações então reverteram as perdas e subiram até 3,9%, após o jornal O Globo reportar o acordo sobre os dividendos. Os papéis ordinários fecharam em baixa de 0,5%, cotados a R$ 39,12.

A empresa divulgou um comunicado na tarde de ontem informando que nenhuma decisão foi tomada sobre os dividendos.

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“Consideramos a saída de Prates, principalmente por motivos políticos, uma notícia negativa para a empresa”, disse Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos. “O que nos preocupa, neste momento” é que o conflito entre a empresa e o governo “poderá tirar o poder de manobra da empresa para continuar a executar a sua atual política de preços”.

A Petrobras fez subsídios para o preço de combustíveis na última vez em que o PT esteve no poder, e existe a preocupação de que ela comece a fazer isso novamente.

Enquanto surgiam dúvidas sobre seu futuro, Prates aproveitou a especulação, postando nas redes sociais a imagem de uma conversa por mensagem de texto em que alguém perguntava se ele estava deixando a Petrobras.

“Acho que após às 20h02. Vai pra casa jantar”, dizia a resposta. “E amanhã às 7h09 ele estará de volta na empresa, pois sempre tem a agenda cheia.”

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, é um dos cogitados para comandar a Petrobras, caso a vaga seja aberta, e o economista Nelson Barbosa poderá assumir o BNDES, disse uma das pessoas. A assessoria de imprensa de Mercadante negou qualquer convite para chefiar a Petrobras e disse que trabalhava normalmente no banco, segundo a CNN.

“Provavelmente não há trabalho mais ingrato no Brasil do que ser presidente da Petrobras”, disse Schreiner Parker, diretor-gerente para a América Latina da Rystad Energy. “Você está dividido entre o governo e o mercado.”

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