Powell vê inflação em linha com expectativas, mas diz que não há pressa para corte

Presidente do Fed reiterou nesta sexta que não será apropriado baixar as taxas até que as autoridades estejam confiantes de que a inflação está a caminho da meta de 2%

Jerome Powell, presidente do Fed: economia americana segue resiliente apesar de taxas de juros elevadas (Foto: Al Drago/Bloomberg)
Por Catarina Saraiva
29 de Março, 2024 | 04:17 PM

Bloomberg — O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, repetiu nesta sexta-feira (29) que o banco central dos Estados Unidos está paciente sobre a política monetária. “Não precisamos ter pressa para cortar [as taxas de juros]”, disse Powell em um evento no Fed de São Francisco.

Os novos dados de inflação divulgados anteriormente estão “praticamente em linha com nossas expectativas”, disse ele. Mas Powell reiterou que não será apropriado baixar as taxas até que as autoridades estejam confiantes de que a inflação está no caminho certo em direção à meta de 2%.

“É bom ver algo em linha com as expectativas”, disse ele, acrescentando que as leituras mais recentes não são tão boas quanto as que os formuladores de política monetária viram no ano passado.

O núcleo do PCE, índice de preços de gastos com consumo pessoal, o preferido para ser observado pelo Fed e que exclui os custos voláteis de alimentos e energia, subiu 0,3% em fevereiro, após alta de 0,5% no mês anterior, mostraram dados governamentais divulgados nesta sexta-feira.

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Powell disse que os funcionários do Fed esperam que a inflação continue a cair em um “caminho às vezes acidentado”, ecoando os comentários que fez após a última reunião no início deste mês.

Os funcionários mais graduados do Fed mantiveram as taxas de juros de curto prazo em seu nível mais alto em mais de duas décadas naquela reunião, e uma maioria estreita previu três cortes nas taxas para 2024.

Powell disse na ocasião, na quarta (20) da semana passada, que provavelmente seria apropriado flexibilizar a política “em algum momento deste ano”. Mas ele e outros colegas deixaram claro que não têm pressa, dada a força subjacente da economia e os sinais recentes de pressões de preços persistentes.

Inflação em queda

A inflação diminuiu substancialmente de um pico de 40 anos alcançado em 2022, desacelerando especialmente no ano passado. Esse progresso pareceu estagnar em janeiro e fevereiro de 2024, com um avanço do índice de preços ao consumidor.

Enquanto isso, a economia dos EUA permaneceu resiliente apesar das altas taxas de juros. Os gastos dos consumidores ajustados à inflação superaram todas as estimativas dos economistas em fevereiro, e os empregadores ainda estão contratando trabalhadores em ritmo robusto.

Dados divulgados no início desta semana mostraram que o crescimento econômico no quarto trimestre foi mais forte do que o originalmente pensado.

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Embora a projeção mediana das lideranças do Fed siga em três cortes nas taxas neste ano, quase metade prevê dois ou menos cortes nas taxas em 2024.

A maioria dos formuladores de política monetária disse que deseja ver mais evidências de que a inflação está caindo em direção à sua meta de 2% antes de fazer seu primeiro movimento, o que os investidores agora esperam em junho.

Powell disse nesta sexta-feira que um enfraquecimento inesperado no mercado de trabalho poderia justificar uma resposta política dos funcionários do Fed, mas disse que não vê a possibilidade de uma recessão como elevada neste momento.

O governor (cargo equivalente ao de diretor] Christopher Waller, um defensor precoce de elevar as taxas rapidamente para conter as pressões de preços, disse na quarta que os dados de inflação “decepcionantes” do início do ano significam que os formuladores de política monetária podem precisar manter as taxas elevadas por mais tempo que o previsto anteriormente ou até reduzir o número total de cortes nas taxas.

Mas Powell e seus colegas também disseram que esperam que o progresso da inflação seja acidentado e não precisam vê-la atingir sua meta antes de começarem a reduzir os custos de empréstimos.

À medida que a inflação diminui, as taxas elevadas estão colocando mais pressão sobre a economia, e alguas lideranças do Fed argumentam que pode ser apropriado reduzi-las em breve para evitar prejudicar indevidamente o mercado de trabalho.

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