Bloomberg — Embora o mercado de ações americano tenha subido após o corte de juros do Federal Reserve na semana passada, uma sensação de inquietação acompanha os ganhos.
Charlie McElligott, estrategista de ativos cruzados do Nomura Securities, diz que o receio dos gestores de deixar suas carteiras com retornos baixos estimula um movimento de compra que acaba impulsionando os retornos, enquanto o posicionamento muda para apostas em um pouso suave da economia, em vez de recessão. Isso gera um novo risco de aumento de exposição, segundo McElligott.
Parte do movimento é automático, com compras por parte de fundos negociados em bolsa alavancados e reposicionamento de fundos de opções, enquanto alguns fundos que reduziram risco durante os picos de volatilidade de agosto agora terão que pagar caro para ajustar suas carteiras.
Tudo isso ocorre em meio a uma disputa presidencial acirrada nos EUA, incertezas macroeconômicas e uma nova temporada de balanços se aproximando.
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“Um grande reposicionamento, em última análise, prepara o cenário para a próxima turbulência”, disse McElligott.
O aumento do risco eventualmente exigirá proteção contra perdas, o que transforma o posicionamento no mercado de opções em algo que atua como “combustível acelerador” em momentos de forte pessimismo no mercado.
Há sinais de que o mercado de opções já se posiciona para isso, com os investidores dispostos a pagar mais por proteção.
O índice VVIX — que mede a volatilidade das opções sobre o índice de volatilidade VIX — permanece cerca de 20% acima do seu nível do início de junho. E o Nations SkewDex, que mede o custo relativo das opções de venda, também está elevado.
O aumento do hedging — ao mesmo tempo que protege investidores individuais — pode forçar os dealers de opções a se tornarem vendedores em uma queda acentuada do mercado.
O corte de meio ponto percentual do Fed levou muitos a questionar se o BC americano se viu compelido pelo grande medo do mercado de um pouso forçado, que ficou claro durante o tombo do mercado em agosto, e resolveu reafirmar a narrativa de pouso suave.
“Continuamos a acreditar que os bancos centrais terão menos margem de manobra para flexibilizar em 2025 do que eles e muitos investidores acreditam”, disse Holger Schmieding, economista da Berenberg.
“Política fiscal frouxa, pressão inflacionária subjacente persistente e escassez estrutural de mão de obra são razões contrárias a cortes muito profundos dos juros” nos EUA, disse.
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