Por que declarações de Haddad alimentaram a preocupação fiscal e afetaram os ativos

Em encontro com investidores na sexta-feira, ministro expressou preocupação com as perspectivas fiscais; após a reação, ele afirmou que a interpretação foi ‘errônea’

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Bloomberg — O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, expressou preocupação sobre as perspectivas fiscais do país durante uma reunião fechada na tarde de sexta-feira (7) com investidores, o que fez disparar o dólar e os juros futuros e desencadeou reação pública na tentativa de conter os danos.

Haddad disse a investidores que precisaria fazer cortes significativos nos gastos para atingir a meta fiscal do país para 2024 caso o Congresso não aprove as medidas de elevação de receita propostas pelo governo, de acordo com várias pessoas com conhecimento do assunto ouvidas pela Bloomberg News.

Ele também falou sobre a importância de discutir outras formas de reduzir gastos, incluindo desvincular os benefícios previdenciários dos aumentos do salário mínimo, disseram as pessoas.

O ministro deixou a impressão de que não conseguirá convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva da necessidade de reduzir gastos e que no final ele não terá escolha a não ser mudar o arcabouço fiscal aprovado no ano passado, segundo as pessoas, que pediram anonimato para falar sobre as discussões.

Haddad disse que apoiará uma revisão estrutural dos gastos, mas não pareceu confiante de que seus esforços ganharão apoio dentro do governo, disse uma das pessoas.

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Os mercados tiveram um fim de dia tenso na sexta. Os juros futuros chegaram a subir 60 pontos na máxima do dia e o dólar tocou R$ 5,33, no maior nível desde janeiro de 2023.

A reação dos ativos ocorreu à tarde, enquanto Haddad falava a repórteres em São Paulo. Haddad voltou mais tarde para dizer que a interpretação do mercado sobre a reunião foi “errônea” e “pouco razoável”, e que ele nunca havia indicado que as regras fiscais mudariam.

Segundo ele, um contingenciamento pode acontecer se as despesas crescerem além do previsto, “o que é absolutamente normal e aderente ao que prevê o arcabouço fiscal”.

“É muito grave o que aconteceu, você não pode utilizar uma reunião fechada para vender ao mercado algo que não existe”, completou.

Haddad tem enfrentado o ceticismo dos investidores sobre os seus esforços para cumprir o seu objetivo de eliminar o déficit fiscal este ano, especialmente em meio a pressão crescente de Lula gastar mais para impulsionar a economia.

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