Bloomberg — A cotação do petróleo disparou depois que o ataque inesperado do Hamas a Israel renovou temores de instabilidade no Médio Oriente.
Mais de 1.100 pessoas já morreram desde que o conflito entre Israel e o grupo palestino eclodiu no fim de semana. Os futuros do West Texas Intermediate (WTI) subiram até 5,4% em Nova York, para mais de US$ 87 o barril nesta segunda-feira (9). Foi o maior salto desde o início de abril.
O conflito ameaça envolver tanto os Estados Unidos quanto o Irã, que se tornou uma importante fonte de petróleo extra este ano e aliviou o aperto de oferta do mercado. Mais sanções americanas a Teerã poderiam restringir esses embarques.
Qualquer retaliação contra o Irã — em meio a notícias de que o país teria ajudado a planejar os ataques — poderia pôr em perigo a passagem de navios através do Estreito de Ormuz, o portal do Golfo Pérsico por onde passa grande parte do petróleo mundial e que o governo iraniano já ameaçou fechar.
O Irã negou nesta segunda-feira que estivesse envolvido nos ataques.
“A resposta do preço que vimos é bastante compreensível e proporcional, apenas em termos de colocar um pouco de prêmio de risco”, disse Marcus Garvey, chefe de estratégia de commodities do Macquarie Group, em entrevista à Bloomberg TV.
“As pessoas traçarão paralelos com a Guerra do Yom Kippur, no início dos anos 70″, disse, mas acrescentou que “é bastante plausível que você não tenha nenhuma interrupção significativa” no abastecimento.
O salto da cotação após os ataques adicionou uma nova onda de volatilidade a um mercado que sofreu oscilações consideráveis no último mês.
No final de setembro, o barril de Brent estava a caminho de subir para US$ 100 diante dos cortes da Arábia Saudita e da Rússia, antes de recuar acentuadamente na semana passada com as preocupações com o consumo e os fluxos financeiros.
Os principais indicadores do mercado subiram na abertura desta segunda-feira, e sinalizavam preocupações crescentes com oferta restrita. O prêmio do contrato de Brent para dezembro deste ano em relação a dezembro 2024 saltou em até US$ 1,60 por barril para US$ 8,83.
Foi a maior alta do spread desde julho. Nesse padrão de preços, conhecido como ‘backwardation’, os operadores pagam mais pelas entregas mais próximas com receio de escassez mais para frente.
“Embora o pior cenário de uma guerra regional deva ser mantido em vista, não é o meu principal”, disse Vandana Hari, fundadora da empresa de análise Vanda Insights, em Singapura . “A moderação e as mentes mais calmas prevalecerão, pois só haverá perdedores numa guerra mais ampla.”
-- Com a colaboração de Jake Lloyd-Smith, Linus Chua, Elizabeth Low, Rob Verdonck e Anna Edwards.
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