Petróleo pode ficar mais volátil e caro com cortes sauditas, alerta AIE

Segundo a agência, mesmo que Arábia Saudita e Rússia relaxem suas restrições de oferta em 2024, os estoques ainda ficarão muito baixos

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Bloomberg — Os cortes de petróleo da Arábia Saudita e da Rússia criarão um “déficit significativo de oferta” e ameaçarão um novo aumento da volatilidade de preços, segundo avisou a Agência Internacional de Energia.

O mercado global de petróleo terá um déficit de 1,2 milhões de barris por dia no segundo semestre de 2023, o que representa um risco para os consumidores, disse a agência.

Mesmo que os dois produtores relaxem as suas restrições de oferta no início de 2024, os estoques de petróleo ficarão muito baixos e deixarão os preços vulneráveis a choques, afirmou a AIE.

Os futuros de Brent, o petróleo de referência global, são negociados no nível mais alto desde novembro do ano passado, a mais de US$ 92 o barril.

“O mercado está realmente ficando mais apertado no segundo semestre”, disse Toril Bosoni, chefe da divisão de mercado de petróleo da AIE, em entrevista à Bloomberg TV nesta quarta-feira (13).

“Já em agosto vimos uma queda enorme dos estoques globais de petróleo de 75 milhões de barris, de acordo com dados preliminares.”

Os sauditas e outros países da Opep têm dito regularmente que seus cortes visam equilibrar os mercados, mas os dados do próprio grupo divulgados na terça-feira (12) mostraram um déficit no próximo trimestre de mais de 3 milhões de barris por dia, o maior em pelo menos uma década.

“Os estoques de petróleo ficarão em níveis desconfortavelmente baixos, aumentando o risco de outro surto de volatilidade que não seria do interesse nem dos produtores nem dos consumidores, dado o ambiente econômico o frágil”, afirmou a AIE. A agência assessora os principais países consumidores, como os Estados Unidos.

O relatório da AIE representa uma crítica mais explícita à parceria entre Arábia Saudita e Rússia do que no passado, com foco no impacto energético e inflacionário da guerra contra a Ucrânia.

“A extensão dos cortes de produção por parte da Arábia Saudita e da Rússia até o final do ano irá gerar um déficit substancial durante o quarto trimestre”, afirmou a AIE.

-- Com a colaboração de Francine Lacqua.

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