Bloomberg — O petróleo ampliou o maior avanço semanal em dois meses, em meio a ataques no Mar Vermelho que já forçaram centenas de navios a mudarem de rota e que levaram ao anúncio de saída de Angola da Opep.
O barril de Brent chegou a subir 1,2% em Londres nesta sexta-feira (22), para US$ 80,35, com ganho semanal de quase 5%. As taxas de frete marítimo dispararam, com mais navios forçados a fazer desvios extensos para evitar o Canal de Suez e o Mar Vermelho, onde rebeldes Houthi do Iêmen, apoiados pelo Irã, alvejam petroleiros e cargueiros de contêineres.
A preocupação com o atraso das entregas dos petroleiros e alta de custos apagou o recuo desencadeado pela decisão de Angola na quinta-feira (21), que expôs a frágil unidade do cartel.
A expectativa é que a saída não terá qualquer impacto no fornecimento de petróleo ou no esforço do grupo para sustentar os preços com cortes de produção.
O petróleo caminha para a primeira queda anual desde 2020, em meio ao crescimento da produção nos Estados Unidos e outros grandes produtores independentes como Brasil e Canadá, o que torna a estratégia da Opep mais difícil.
As perspectivas para a demanda também são frágeis. A Agência Internacional de Energia prevê desaceleração acentuada do crescimento do consumo no próximo ano.
Angola já não desempenhava um papel ativo na gestão da oferta da Opep há algum tempo. A expectativa é que as restrições à oferta prometidas pela Opep e seus aliados continuem inalteradas no próximo mês.
Até agora nesta semana, apenas cerca de 30 petroleiros entraram no Estreito de Bab al-Mandab, no extremo sul do Mar Vermelho, de acordo com dados de rastreamento de navios compilados pela Bloomberg. Isso representa uma queda de mais de 40% em relação à média diária das três semanas anteriores.
Militantes Houthi alvejam navios mercantes em uma demonstração de apoio ao Hamas na guerra com Israel. Isto aumentou a pressão sobre o comércio global, que já enfrenta complicações com o Canal do Panamá – outro atalho marítimo fundamental para o comércio global – gravemente afetado pela seca.
“Até que se demonstre medidas definitivas para combater os ataques aos navios no Mar Vermelho, estas pressões atuais poderão persistir”, afirmaram analistas da FGE.
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