Bloomberg Línea — O Itaú Unibanco (ITUB4), maior banco privado do Brasil, vê sinais positivos de recuperação da confiança dos investidores e do setor produtivo na economia no segundo semestre, um reflexo do início do ciclo de redução da taxa de juros, do controle da inflação e da maior visibilidade sobre as regras fiscais.
Na noite de segunda-feira (7), o conglomerado reportou o maior lucro do setor bancário (R$ 8,7 bilhões) e a melhora da rentabilidade (20,9%) no segundo trimestre, ante seus pares que já divulgaram balanço nas semanas anteriores.
O Bradesco (BBDC4) teve lucro de R$ 4,5 bilhões e ROE (retorno sobre o patrimônio líquido anualizado) de 11,1%, enquanto o Santander Brasil (SAND11) registrou ganho de R$ 2,1 bilhões e ROE de 11% no mesmo período.
“Os sinais benignos são encorajadores. Crescimento sustentável é a nossa palavra de ordem. Vemos perspectivas positivas para o mercado de capitais e para os fundos de investimentos. Os avanços recentes impulsionaram a confiança dos empresários”, disse Milton Maluhy Filho, CEO do Itaú, em videoconferência com jornalistas.
O executivo fez referência aos esforços do governo federal de apresentar sua proposta de regras fiscais e do Banco Central de controlar a inflação para iniciar um ciclo de corte de juros.
No último dia 2, a taxa Selic foi reduzida em 0,50 ponto percentual para 13,25% ao ano, com sinalização de uma nova redução do mesmo tamanho na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) em setembro (dias 19 e 20).
“O repasse do corte da Selic é automático no atacado para quem investe em pós-fixados. No varejo, temos de olhar para cada portfólio e o perfil de risco de cada segmento e cliente. É um processo dinâmico, diário. A curva de juro já está sendo afetada. As taxas longas estão fechando, diminuindo”, afirmou o CEO do Itaú.
Ele destacou indicadores do balanço do segundo semestre, apontando uma melhor performance de alguns produtos e segmentos no primeiro semestre, o que sustenta sua aposta otimista de um mercado mais promissor neste segundo semestre.
Por volta das 15h10, as ações do Itaú subiam 0,2%, cotadas a R$ 27,72, acumulando valorização de 13% em 2023.
1- Crédito para grandes empresas
No segundo trimestre, a originação de crédito para grandes empresas cresceu 8,0% quando comparada ao trimestre anterior, relacionada principalmente à maior demanda por crédito no agronegócio e no segmento large (empresas com faturamento entre R$ 500 milhões e R$ 4 bilhões)
2- Crédito para PME
No segundo trimestre, a originação de crédito para micro, pequenas e médias empresas aumentou 19% em relação ao trimestre anterior, concentrada em médias empresa; o crescimento foi de 17,8% quando comparada ao mesmo período do ano anterior
3- Crédito imobiliário
A carteira de crédito imobiliário somou R$ 120,6 bilhões em junho, alta de 2,6% em três meses e de 18,3% em 12 meses. O banco diz que 92,4% da carteira é de pessoas físicas, e 99,8% são garantidos por alienação fiduciária. Em fevereiro, o programa governamental Minha Casa, Minha Vida anunciou subsídios à moradia
4- Financiamento de carros
A carteira de financiamento de veículos teve aumento de 1,5% em 12 meses, fechando o mês de junho em R$ 32,4 bilhões. Na comparação com março deste ano, houve um crescimento de 1,2%. Em maio, o governo federal anunciou medidas de desoneração para estimular a venda de carro popular
5- Crédito consignado
A carteira de crédito consignado, tanto o setor privado quanto o público, cresceu 3,1% em relação ao final de março, este último relacionado principalmente à concessão de crédito para os servidores do estado de Minas Gerais. A carteira somou R$ 74,9 bilhões
6- Funding
O funding de clientes cresceu 1,9% no trimestre. Em 12 meses, a alta foi de 17,4%, em função dos recursos de letras que aumentaram 57,9%, principalmente letras financeiras e imobiliárias e dos depósitos a prazo, que cresceram 24,9%, reflexo da estratégia comercial no varejo e maior demanda por produtos de renda fixa
7- Crédito pessoal
A carteira de pessoas físicas cresceu 0,7% no trimestre e 8,9% em 12 meses. O crescimento no trimestre foi impulsionado principalmente pelos aumentos de 3,9% em crédito pessoal e 1,9% em crédito imobiliário. Em 12 meses, houve aumento de 21,1% em crédito pessoal e de 17,0% em crédito imobiliário
8- Controle da inadimplência
O CEO do Itaú disse que os índices de atraso estão sob controle, em ritmo de estabilização. Ele revelou que o banco já desnegativou 630 mil clientes, fechando 200 mil contratos por meio do Desenrola Brasil, programa emergencial criado pelo governo para a renegociação de dívidas de pessoas físicas inadimplentes
9- Assessoria de negócios
As receitas de assessoria econômico-financeira e corretagem cresceram 24,5% em relação ao primeiro trimestre, principalmente por maiores volumes em renda fixa e em renda variável. Em 12 meses, o banco participou de 23 operações, totalizando R$ 6,5 bilhões de volume (market share de 20%)
10- Fusões e aquisições
O CEO do Itaú espera ver mercado de capitais mais ativo no semestre, pois percebeu maior demanda por operações como ofertas públicas. Nos últimos 12 meses, o banco assessorou 41 transações de fusões e aquisições no Brasil totalizando R$55,1 bilhões (market share de 28%)
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