Opep+ negocia adiar aumento da oferta de petróleo após queda nos preços

Medida vem após os preços do petróleo caírem abaixo de US$ 73 o barril no início da semana, atingindo o valor mais baixo desde o final de 2023

Os planos da Opep+ preveem o retorno gradual de 2,2 milhões de barris por dia até o final de 2025
Por Salma El Wardany - Grant Smith - Fiona MacDonald
05 de Setembro, 2024 | 07:58 AM

Bloomberg — A Opep+ está em negociações para um acordo sobre o adiamento de um aumento planejado na produção de petróleo depois que os preços despencaram em meio a uma demanda frágil.

Os principais membros da coalizão provavelmente não levarão adiante o aumento programado de 180.000 barris por dia em outubro, de acordo com delegados que falaram à Bloomberg News e pediram para não serem identificados porque as discussões são privadas.

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Eles também estão discutindo o adiamento de aumentos mensais semelhantes programados para este ano, disse um delegado.

A reformulação ocorreu depois que os preços do petróleo caíram abaixo de US$ 73 por barril no início desta semana, atingindo o valor mais baixo desde o final de 2023, após dados econômicos pessimistas dos maiores consumidores: China e Estados Unidos.

Isso oferece ao consumidor final algum alívio após anos de elevada inflação, mas os níveis de preços atuais são muito baixos para que os sauditas e outros membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo cubram seus gastos governamentais.

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Liderada pela Arábia Saudita e pela Rússia, a Opep+ chegou a um acordo em junho sobre um plano para restaurar gradualmente os suprimentos interrompidos desde 2022.

Mas, assim que o plano foi anunciado, o grupo enfatizou que os aumentos poderiam ser “pausados ou revertidos”, se necessário. Uma grande interrupção da produção na Líbia parecia oferecer ao grupo espaço para seguir em frente, mas os membros agora estão mais cautelosos.

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No início da semana, os delegados da Opep+ sinalizaram que o aumento programado continuava no caminho certo

Adiar o aumento pode evitar o excedente que observadores proeminentes do mercado, como a Agência Internacional de Energia e a gigante Trafigura Group, esperavam para o quarto trimestre. Por outro lado, abrir as torneiras poderia dar início a uma queda para US$ 50 o barril, alertou o Citigroup (C).

“A Opep+ está enfrentando uma escolha binária entre adiar a redução gradual e suportar uma queda desordenada do preço do petróleo”, disse Bob McNally, presidente do consultor Rapidan Energy Group e ex-funcionário da Casa Branca. “Parece que ela está se inclinando para a primeira opção, como sempre alertou que faria nesse caso.”

No início da semana, os delegados da Opep+ sinalizaram que o aumento programado continuava no caminho certo.

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A produção na Líbia foi reduzida pela metade na semana passada, depois que as autoridades da região leste fecharam mais de 500.000 barris por dia em um confronto com o governo de Trípoli pelo controle do banco central.

A interrupção se somou à paralisação do maior campo de petróleo da Líbia, Sharara, no início de agosto.

Mas, na terça-feira, Sadiq Al-Kabir – o chefe do banco central cuja tentativa de expulsão precipitou a crise – disse que havia “fortes” indícios de que as facções políticas estavam se aproximando de um acordo para superar o atual impasse.

Os futuros do Brent caíram 5% e as autoridades da Opep+ mudaram de posição, dizendo que as discussões sobre o adiamento do aumento da oferta do grupo estavam em andamento.

Embora os mercados globais de petróleo bruto estejam atualmente apertados em meio à demanda impulsionada pelo verão no hemisfério norte, eles devem diminuir significativamente quando o pico sazonal de consumo passar.

Os dados da China mostraram que os motores essenciais do crescimento econômico estão em queda, com a atividade fabril se contraindo pelo quarto mês e o valor das vendas de novas casas diminuindo. Já a atividade industrial dos EUA apresentou o quinto mês consecutivo de contração.

Os planos da Opep+ preveem o retorno gradual de 2,2 milhões de barris por dia até o final de 2025. Em breve, o grupo precisará decidir se dará continuidade à próxima parcela mensal de fornecimento, prevista para novembro.

Uma reunião online de seu órgão de revisão, o Comitê de Monitoramento Ministerial Conjunto, está agendada para 2 de outubro.

-- Com a colaboração de Nayla Razzouk e Ben Bartenstein.

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