Bloomberg — As ações de mercados emergentes caíram na primeira metade de janeiro, algo que não acontecia desde 2016.
O sentimento foi afetado pela crescente incerteza sobre quando o Federal Reserve (Fed) começará a flexibilizar a política monetária, com os traders aguardando ansiosamente um discurso de Christopher Waller, do Fed, ainda nesta terça-feira (16), em busca de novas pistas.
Enquanto isso, os investidores estão correndo para precificar uma série de eventos geopolíticos, desde o Oriente Médio até os Estados Unidos, onde os mercados estão avaliando um possível retorno de Donald Trump à Casa Branca.
O índice de ações de países em desenvolvimento da MSCI recuou até 1,3% nesta terça, a maior queda em quase duas semanas, atingindo seu nível mais baixo desde 14 de dezembro e ampliando suas perdas em janeiro para 4%.
O índice de moedas foi pressionado pelas quedas do won sul-coreano e do rand, enquanto um indicador de força do dólar atingiu o maior nível em um mês. Os dois últimos inícios de ano comparáveis a este antecederam grandes ralis nos mercados emergentes.
Em 2016, a queda de janeiro seguiu o primeiro aumento nas taxas de juros pelo Fed em quase uma década. Taxas mais altas nos EUA desencadearam uma breve fuga de capitais de ativos mais arriscados, resultando em uma queda de 11% até meados de janeiro de 2016.
No entanto, a situação logo se reverteu à medida que os investidores buscaram valuations mais baratos, e as ações de mercados emergentes iniciaram um forte rali totalizando US$ 8,3 trilhões.
Algo semelhante aconteceu em 2009. O Fed reduziu as taxas de juros para quase zero em dezembro de 2008, mas os investidores se preocuparam com os efeitos persistentes da crise financeira global e continuaram a vender ações de mercados emergentes até janeiro.
Meses depois, à medida que as ações americanas voltaram a subir, o sentimento em relação aos emergentes também melhorou, impulsionando o índice MSCI em 75% ao longo de 2009.
A redução da volatilidade sustenta a perspectiva de uma recuperação nos mercados emergentes.
Os acontecimentos que estão no topo das preocupações dos investidores nesta terça-feira incluem ataques a navios no Mar Vermelho. Militantes houthis atingiram um navio comercial de propriedade dos EUA com um míssil na segunda-feira (15), destacando os avisos de que a via navegável vital permanece muito arriscada.
Enquanto isso, a China está considerando a emissão de 1 trilhão de yuans (US$ 139 bilhões) em um plano especial de títulos soberanos, apenas a quarta venda desse tipo nos últimos 26 anos, à medida que as autoridades buscam mais recursos para fortalecer a segunda maior economia do mundo.
A proposta em discussão por autoridades de alto escalão envolveria a venda de títulos soberanos de longo prazo para financiar projetos relacionados a alimentos, energia, cadeias de suprimentos e urbanização, disseram pessoas familiarizadas com o assunto.
Enquanto isso, investidores em títulos da Europa Central e Oriental, que obtiveram retornos expressivos no ano passado, estão se preparando para turbulências políticas e gastos excessivos, o que pode limitar os ganhos em 2024.
A desaceleração da inflação e os cortes nas taxas de juros impulsionaram a dívida em moeda local na região que vai da Polônia aos Bálcãs, encerrando um ano de avanços em 2023.
No entanto, uma temporada eleitoral movimentada e alguns dos maiores déficits orçamentários da União Europeia devem complicar o cenário deste ano.
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