Do Santander ao Goldman: mercado aponta o que vai observar no comunicado do Copom

Membros do Comitê de Política Monetária (Copom) decidem nesta quarta-feira (20) sobre o rumo da taxa de juros no país

A região da Faria Lima, em São Paulo
Por Josue Leonel e Maria Eloisa Capurro
19 de Setembro, 2023 | 08:27 AM

Bloomberg — O mercado espera uma reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) sem surpresas, com nova redução de 0,50 ponto percentual da taxa Selic e manutenção da sinalização de continuidade deste ritmo de cortes à frente.

Todos os 39 economistas consultados em pesquisa Bloomberg projetam que o Banco Central cortará a taxa básica para 12,75% na quarta-feira (20) – decisão totalmente precificada também na curva de juros futuros.

A manutenção de um discurso cauteloso pelo Banco Central e o maior crescimento da economia, além de expectativas de inflação acima da meta e incertezas sobre a trajetória fiscal justificam um comunicado sem mudanças relevantes.

Alguns especialistas apostam em aumento das projeções do BC para a inflação. Depois de um placar dividido no último encontro, esta decisão deve ser unânime.

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O Itaú Unibanco (ITUB4), por exemplo, não acredita em mudança na comunicação do BC, mas prevê aceleração para 0,75pp em dezembro.

Confira o que dizem analistas do mercado financeiro:

Mário Mesquita, economista-chefe do Itaú Unibanco

  • Prevê corte da Selic de 0,50 ponto percentual e manutenção da sinalização de ritmo de redução;
  • Comunicado deve ser “copy & paste” do anterior;

Fernando Honorato, economista-chefe do Bradesco

  • BC não deve trazer surpresas na decisão ou no comunicado, que devem seguir na estratégia de flexibilização em 0,50pp;
  • Desde a última reunião, as projeções do modelo devem ter piorado, apesar da melhora da inflação subjacente, e as discussões fiscais seguem no mesmo estágio;

Alberto Ramos, economista-chefe para América Latina do Goldman Sachs

  • BC deve preservar uma barra relativamente alta para acelerar o passo;
  • Último dado de preços de serviços foi bem-vindo, mas expectativas de inflação de 2024, 2025 e 2026 não estão mais melhorando;
  • Prudência requerida devido ao mercado de trabalho apertado, crescimento resiliente, fiscal com expansão e risco para meta em 2024, alta dos yields das treasuries e riscos para inflação de alimentos e combustíveis;

Cassiana Fernandez e Vinicius Moreira, economistas do JPMorgan

  • Corte de 0,50pp da Selic deve ser unânime e BC não deve alterar mensagem sobre ritmo;
  • Membros do Copom têm afirmado que mudança na visão do BC exigiria grande alteração de cenário;
  • Episódios recentes em que BCs de países emergentes foram mais agressivos que o previsto terminaram com forte depreciação cambial;

Eduardo Jarra, economista-chefe da Santander Asset Management Brasil

  • Copom deve vir sem grandes mudanças no comunicado e há risco de projeções para 2024 com leve alta nos modelos do BC;
  • “Dado o ponto de partida que a gente tinha meses atrás, temos menos ociosidade na economia”;
  • Expectativas de inflação não se mexeram muito e continuam acima da meta;

Caio Megale, economista-chefe da XP

  • Corte agora deve ser de 0,50pp, mas há probabilidade de acelerar em algum momento do ano;
  • “Inflação melhorou, mas nem tanto”;
  • Câmbio deu uma “pioradinha” por causa das treasuries;
  • Copom deve ter menos mudanças e ruídos;

Leonardo Costa, economista Asa Investments

  • Comunicado deve mostrar consenso e risco de projeção de 2024 mais alta nos modelos do BC;
  • Comunicado deve ser bem parecido ao de agosto, com risco de ser mais dovish;
  • “Risco de aceleração de cortes existe, mas essa reunião ainda não vai trazer essa possibilidade tão explicitamente”;

Rafael Ihara, economista-chefe da Meraki Capital

  • Dado o posicionamento do mercado, o viés é procurar sinais dovish no comunicado;
  • “O mercado vai se apegar a qualquer sinal”;
  • Comunicação recente manteve barra alta, mas Copom pode incorporar no comunicado a dinâmica benigna de serviços subjacentes;

Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital

  • BC deve manter sinal sobre o ritmo de corte;
  • Nos últimos 45 dias, movimentos não destoaram muito do cenário do BC e não implicam em revisar o plano de voo;
  • Se, por um lado, a inflação foi menos intensa e sua característica foi melhor, por outro a atividade e o mercado de trabalho seguem resilientes;

Cristiano Oliveira e Nathalia Rubio, economistas do Banco Pine

  • Não há motivação para o Copom alterar seu plano de voo;
  • Modelo do BC deve mostrar expectativa de inflação maior em 2023 com o fechamento do hiato do produto, após crescimento do PIB no 2º trimestre e alta do petróleo;

-- Com a colaboração de Fernando Travaglini.

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