Núcleo do PCE desacelera para 0,2% em abril e fica abaixo do esperado por economistas

Índice de inflação de gastos de consumo pessoal é o mais observado pelo banco central americano para suas decisões de política monetária

Supermercado nos EUA
31 de Maio, 2024 | 09:37 AM

Bloomberg Línea — O núcleo do índice de inflação mais acompanhado pelas autoridades do Federal Reserve (Fed), o PCE (Índice de Gastos Pessoais), teve alta de 0,2% em abril, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (31) pelo Departamento de Estatísticas dos Estados Unidos.

O resultado foi menor em relação ao apresentado no mês de março (0,3%) e veio abaixo do avanço de 0,3% esperado pelo mercado financeiro. O resultado indica uma desaceleração dos preços, que é justamente o objetivo da política monetária do Federal Reserve.

O núcleo é considerado o indicador mais importante pelo presidente do Fed, Jerome Powell, pois exclui as categorias de preços mais voláteis de energia e alimentos.

Na comparação anual, a alta do núcleo foi de 2,8% em abril, em linha com o esperado por economistas consultados pela Bloomberg. Em março, o núcleo também havia avançado 2,8% em 12 meses, ainda acima da meta de longo prazo do Federal Reserve, de 2%.

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O índice cheio, por sua vez, teve alta de 0,3% no mês passado, em linha com o esperado por economistas, e variação de 2,7% na comparação com abril de 2023.

Os futuros do S&P 500 e do Nasdaq, que operavam em leve queda, passaram a subir depois da divulgação. O futuro do S&P500 subia 0,25%, o Nasdaq 100 futuro avançava 0,16% e o Dow Jones futuro tinha ganhos de 0,20% por volta das 9h45 (horário de Brasília). O Ibovespa futuro caía 0,13%.

O avanço do PCE em abril foi influenciado por uma alta de 0,2% dos preços de bens na comparação mensal e de 0,3% dos preços de serviços. Os preços de alimentação caíram 0,2% e os preços de energia, que incluem combustíveis, subiram 1,2%.

Na comparação anual, os preços de serviços lideram o aumento, com uma alta de 3,9% em relação a abril do ano passado, o que reforça a visão de que a inflação tem sido puxada pelos preços desse setor, diante do mercado de trabalho aquecido.

Os preços de energia subiram 3,0% em 12 meses, enquanto os preços de alimentação avançaram 1,3%. Já os preços de bens tiveram ganho de 0,1% em relação a abril do ano passado, de acordo com o Bureau of Economic Analysis.

Política monetária

O indicador de inflação é acompanhado de perto pelo mercado financeiro, que busca sinais sobre a trajetória da taxa de juros nos Estados Unidos.

Apesar do recuo do núcleo em abril, os números dos últimos meses ainda representam um repique em relação aos últimos três meses de 2023 e ressaltam o progresso instável do Fed na luta contra a inflação.

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O presidente do Fed, Jerome Powell, e outros dirigentes do BC americano têm ressaltado a necessidade de mais evidências de que a inflação está em uma trajetória sustentada em direção à meta de 2% antes de cortar juros.

A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) acontece nos dias 11 e 12 de junho.

Em meados de maio, outro dado de inflação também acompanhado pelo Fed, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês), mostrou alta de 0,3% em abril, abaixo do 0,4% esperado pelo mercado, indicando uma desaceleração. O núcleo do CPI se manteve estável com alta de 0,3% no mês.

A presidente da regional de Dallas do Federal Reserve, Lorie Logan, disse na quinta-feira (30) que as altas taxas de juros podem não estar restringindo a economia tanto quanto os formuladores de políticas antecipam, enfatizando que é importante para os oficiais manterem suas opções abertas para ajustes futuros.

“Também pode ser que a política não seja tão restritiva quanto pensamos em relação ao nível de taxas de juros antes da pandemia,” disse Logan em um evento em El Paso, Texas. “É realmente importante manter todas as opções na mesa e continuarmos a ser flexíveis.

Dados de inflação mais altos do que o esperado no início do ano adiaram as expectativas para o primeiro corte de taxas do Fed.

Os mercados agora estão precificando pouco mais de um corte neste ano, em comparação com os seis projetados no início de 2024. Alguns formuladores de políticas sinalizaram que outro aumento de taxa não deve ser descartado.

Por outro lado, o presidente da regional de Nova York do Federal Reserve, John Williams, disse que espera que a inflação continue caindo na segunda metade deste ano, acrescentando que os custos elevados de empréstimos estão restringindo a economia.

Williams afirmou que, embora a inflação ainda esteja muito alta, a política do Fed está bem posicionada e os desequilíbrios entre oferta e demanda estão diminuindo.

“Com a economia se equilibrando melhor ao longo do tempo e a desinflação ocorrendo em outras economias, reduzindo as pressões inflacionárias globais, espero que a inflação retome a moderação na segunda metade deste ano,” disse Williams na quinta-feira, em comentários preparados para o Economic Club of New York.

“O comportamento da economia no último ano fornece evidências amplas de que a política monetária é restritiva de uma maneira que nos ajuda a alcançar nossos objetivos,” ele disse, acrescentando mais tarde que um aumento de taxa é improvável.

-- Com informações da Bloomberg News. Atualizada para incluir mais informações