Vitória de Milei: Argentina faz acordo de recompra de US$ 1 bi de grandes bancos

Negociação ajudará a repor as reservas estrangeiras do banco central do país, parte do trabalho para tentar estabilizar a segunda maior economia da América do Sul

Acordo ajudará a repor as reservas estrangeiras do banco central
Por Kevin Simauchi - Manuela Tobias
03 de Janeiro, 2025 | 07:01 PM

Bloomberg — A Argentina revelou um acordo de recompra de US$ 1 bilhão com cinco credores internacionais que ajudará a repor as reservas estrangeiras em seu banco central, uma vitória fundamental para o presidente Javier Milei, que trabalha para estabilizar a segunda maior economia da América do Sul.

O acordo, comumente conhecido como “repo”, estará em vigor por dois anos e quatro meses, disse a autoridade monetária na sexta-feira (3) em um comunicado, sem nomear os bancos.

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O Citigroup participou do acordo de recompra, segundo duas pessoas com conhecimento direto do assunto.

O JPMorgan Chase, o Banco Bilbao Vizcaya Argentaria, o Banco Santander e o Industrial and Commercial Bank of China também fizeram parte do acordo, segundo uma das fontes, que pediu para não ser identificada porque a informação não é pública.

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As assessorias dos cinco bancos não comentaram imediatamente.

Avanço na recuperação

Os títulos soberanos da Argentina subiram com o anúncio de sexta-feira. As notas de referência com vencimento em 2035 atingiram a maior alta da sessão antes de reduzir os ganhos. A última vez que foram negociadas foi a US$ 0,686, de acordo com dados de preços compilados pela Bloomberg.

"As estrelas estão se alinhando para a Argentina", disse Aaron Gifford, analista soberano de mercados emergentes da T. Rowe Price em Baltimore, por e-mail. "Embora já tenha havido uma recuperação significativa, acho que provavelmente ainda há um pouco mais de espaço para avançar."

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O banco central da Argentina disse que recebeu ofertas de US$ 2,85 bilhões e que pagaria a taxa segura de financiamento overnight mais um spread de 4,75% sobre a linha de recompra.

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Uma autoridade sênior do governo disse à Bloomberg News na sexta-feira que o novo financiamento seria usado para pagar os detentores de títulos da Argentina em julho, uma vez que a autoridade monetária já tem o dinheiro para fazer cerca de US$ 4,7 bilhões em pagamentos de capital e juros que vencem neste mês.

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Otimismo do mercado

Milei, um economista libertário, assumiu o cargo há pouco mais de um ano e a economia argentina está começando a se recuperar de uma dura recessão que foi exacerbada por sua austeridade fiscal. Seu governo continua a reduzir a inflação e a manter o peso relativamente estável, ajudando-o a permanecer como o político mais popular da Argentina, apesar da dificuldade causada por suas políticas.

Ainda assim, Milei enfrenta uma série de desafios, incluindo altos níveis de pobreza e inflação ainda acima de 100%. A forma como seu governo desmantelará os controles monetários e, ao mesmo tempo, reduzirá a inflação, estabilizará o peso e fará a economia crescer será observada de perto pelos investidores antes das eleições cruciais de meio de mandato no final deste ano.

Por enquanto, o otimismo do mercado em Milei está se traduzindo no rápido declínio do risco soberano da Argentina, a diferença de rendimento entre seus títulos soberanos e as notas de referência do Tesouro dos EUA. A pontuação da nação sul-americana, propensa à crise, caiu para 606 pontos-base na quinta-feira (2), de mais de 1.000 no final de outubro.

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Os acordos de recompra são comumente usados para levantar capital de curto prazo. Nos EUA, o Federal Reserve recorre a esse mercado como uma ferramenta para ajudar a implementar a política monetária. Na Argentina, o governo do ex-presidente Mauricio Macri tomou empréstimos compromissados com bancos internacionais para levantar bilhões de dólares.

As negociações de recompra ocorreram paralelamente às conversas do governo com o Fundo Monetário Internacional para um novo programa que sucederá o acordo de US$ 44 bilhões do país.

Milei e o ministro da Economia, Luis Caputo, disseram que esperam chegar a um acordo com o FMI nos primeiros quatro meses deste ano, e que esse acordo poderá incluir novos recursos que vão além do financiamento do programa anterior.

Para Gifford, tudo isso resulta em ventos favoráveis sustentados para a Milei. "Basicamente, eles voltaram a ter acesso ao mercado, já garantiram os fundos para pagar os vencimentos de curto prazo e um novo programa do FMI está sendo elaborado", disse o analista da T. Rowe Price.

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