Nova alta à vista? Bancos projetam patamar de US$ 3.000 para o ouro em 2025

Bank of America e o JPMorgan preveem que o ouro chegará a US$ 3.000 até o final deste ano; Investidores acompanham, também, segundo mandato de Donald Trump

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Bloomberg — Os investidores seguem otimistas em relação ao ouro em 2025, depois que eles viram o metal precioso registrar seu maior ganho anual desde 2010.

O Bank of America e o JPMorgan preveem que o ouro chegará a US$ 3.000 até o final deste ano, enquanto o UBS AG prevê US$ 2.900. O ouro à vista foi negociado acima de US$ 2.600 no início de janeiro.

O metal precioso subiu 27% em 2024, e atingiu recordes de alta ao subir próximo ao patamar de US$ 2.800.

Três fatores principais contribuíram para a alta: grandes compras pelos bancos centrais, principalmente os da China e de outros mercados emergentes; a flexibilização monetária do Federal Reserve, que torna o ouro mais atraente; e o papel histórico do metal como porto seguro em meio às tensões geopolíticas em curso, como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio.

Esses fatores permanecem mais ou menos intactos em 2025. Mas os investidores também seguem de olho no segundo mandato de Donald Trump e o possível impacto do novo presidente sobre os fluxos comerciais, a inflação e a economia global. Essa perspectiva continua a estimular a compra de ouro como uma forma de proteger o patrimônio e se proteger contra possíveis choques negativos.

A diversificação de investimentos por meio de compras de ouro é “uma tendência que persistirá”, disse Greg Sharenow, gerente de portfólio da Pacific Investment Management. “Esperamos que os bancos centrais e as famílias com alto patrimônio líquido continuem a considerar o ouro atraente.”

Em um extremo, o fundo de hedge americano Quantix Commodities tem 30% de suas participações em ouro, quase o dobro do peso do metal no Bloomberg Commodity Index. A Qunatix planeja manter sua posição neste ano, disse o executivo sênior Matt Schwab, que espera que o ouro chegue a US$ 3.000 em 2025.

Os estrategistas dos bancos de Wall Street também estão otimistas.

O ouro caiu desde a eleição de 5 de novembro nos EUA. O metal perdeu terreno durante uma recuperação do dólar, do mercado de ações e do bitcoin em meio à euforia do mercado com a vitória de Trump.

Mas, a longo prazo, a probabilidade de novas tarifas é vista como um possível potencializador enquanto as tensões comerciais podem levar a um crescimento econômico mais lento.

Economistas e analistas consideram que as medidas propostas por Trump podem alimentar a inflação, o que complicaria o caminho do Fed para reduzir as taxas de juros este ano.

Depois de realizar o corte esperado de 0,25 ponto em sua última reunião de 2024, as autoridades do Fed em 18 de dezembro sinalizaram apenas dois cortes nas taxas para 2025 e maior cautela sobre a rapidez com que podem reduzir os custos dos empréstimos.

“Se as relações comerciais se deteriorarem com a nova política de Trump, poderemos ver o mercado acionário reagir negativamente”, disse Darwei Kung, chefe de commodities do DWS Group, que vê o ouro em direção a US$ 2.800 até o final do ano. “O ouro seria um bom ativo a ser mantido para se proteger contra esse risco.”

Para o resto do mundo, possíveis guerras comerciais com os EUA podem levar os bancos centrais a acelerar o ritmo de flexibilização. Esse é um cenário que reforçaria o desempenho do ouro, de acordo com Aline Carnizelo, sócia-gerente da empresa suíça Frontier Commodities, que vê os preços sendo negociados acima de US$ 2.800 este ano.

Patrick Fruzzetti, gerente de portfólio da Rose Advisors em Nova York, disse que a grande diferença entre agora e quando Trump estava no cargo pela primeira vez é o nível de déficit de gastos.

A dívida dos EUA subiu menos de US$ 17 trilhões no final de 2019 para cerca de US$ 28 trilhões, e o déficit federal deverá ultrapassar 6% do produto interno bruto em 2025, de acordo com o Congressional Budget Office.

As preocupações com a capacidade do governo dos EUA de pagar a dívida podem dissuadir alguns investidores de colocar dinheiro em títulos do Tesouro, disse Jeff Muhlenkamp, que aloca cerca de 12% de seu fundo homônimo indiretamente em ouro.

"As ações falam mais alto do que as palavras", disse Fruzzetti sobre a promessa do novo governo de controlar o déficit federal. "Até que eles possam me mostrar o contrário, não vou reduzir minha posição em ouro."

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