Na Turquia, mercados desabam após prisão de principal rival político de Erdogan

Ekrem Imamoglu, prefeito de Istambul, foi preso sob acusações de corrupção dias antes de seu partido anunciar a candidatura dele à presidência; lira chegou a cair 10%

Prefeitura de Istambul
Por Beril Akman - Inci Ozbek - Tugce Ozsoy
19 de Março, 2025 | 12:48 PM

Bloomberg — As autoridades turcas detiveram o principal rival político do presidente Recep Tayyip Erdogan por acusações de corrupção e, mais tarde, intervieram fortemente no mercado de câmbio para conter a pior liquidação que o mercado do país vivenciou em anos.

O prefeito de Istambul, Ekrem Imamoglu, o político turco mais popular e que um dia poderá desafiar o governo do presidente, foi preso nesta quarta-feira (19), gerando protestos de membros de partidos de oposição.

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O ministro do Tesouro e das Finanças, Mehmet Simsek, agiu para tranquilizar os investidores, dizendo que a política econômica do governo permanece inalterada.

“O programa econômico que estamos implementando continua de forma determinada”, disse o ministro em um comentário na rede social X (ex-Twitter).

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As autoridades disseram que até US$ 9 bilhões foram gastos em menos de um dia para dar suporte à lira, que mostrou alguns sinais de estabilização depois de despencar mais de 10% mais cedo, já que os investidores apostam que o risco de uma reversão nas políticas econômicas permanece limitado.

Imamoglu, que já derrotou os candidatos escolhidos a dedo por Erdogan em eleições municipais duas vezes nos últimos seis anos, disse que a força policial estava sendo armada para dar um fim prematuro à sua carreira política.

Ele estava pronto para ser nomeado pelo principal partido de oposição, CHP, no domingo como seu candidato presidencial.

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A detenção do prefeito destaca uma campanha cada vez mais agressiva que Erdogan está travando contra os críticos para silenciar a dissidência.

Ele também precisa ampliar sua base de apoio no parlamento para ter uma chance de concorrer ao cargo novamente após atingir o limite constitucional de dois mandatos.

A investigação contra seu desafiante mais formidável serve como um lembrete severo dos riscos envolvidos em investir na Turquia, onde os ativos registraram os maiores declínios em todo o mundo.

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A próxima eleição presidencial está oficialmente marcada para 2028. Para ter uma chance de estender suas mais de duas décadas no poder — como primeiro-ministro e depois presidente — Erdogan precisaria garantir apoio parlamentar suficiente para alterar a constituição ou convocar uma eleição antecipada.

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