Bloomberg — Os negociadores do JPMorgan estão passando seu tempo nos Alpes Suíços em encontros com clientes entusiasmados, mas o chefe do maior banco dos EUA adota um tom mais cauteloso.
“Os preços dos ativos estão meio inflados” no mercado de ações dos EUA, disse o CEO Jamie Dimon em entrevista à CNBC na quarta-feira, durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, Suíça. “Você precisa de resultados razoavelmente bons para justificar esses preços, e todos nós estamos esperando por isso. Acho que ter estratégias pró-crescimento ajuda a fazer isso acontecer, mas há pontos negativos por aí e eles tendem a te surpreender.”
As declarações de Dimon vieram poucas horas após Filippo Gori, codiretor de global banking do JPMorgan, descrever uma “sensação de euforia” entre os clientes em uma entrevista no encontro anual. Ele acrescentou que a novo governo “claramente trouxe animal spirits de volta ao mercado”.
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Daniel Pinto, presidente em fim de mandato do JPMorgan, afirmou na quarta-feira à Bloomberg TV que a economia dos EUA está em boa situação, embora a inflação e questões geopolíticas possam atrapalhar o otimismo.
Os comentários dos banqueiros ocorrem no terceiro dia do segundo mandato presidencial de Donald Trump. Wall Street acolheu o retorno de Trump, visto por executivos do setor financeiro como mais favorável aos negócios e orientado ao crescimento do que seu antecessor. Dimon afirmou que após a eleição, em novembro, muitos banqueiros estavam “dançando nas ruas”. O índice S&P 500 subiu 4,6% desde a eleição de Trump.
Dimon reiterou sua cautela em relação ao gasto deficitário global, ao potencial de inflação persistente e às questões geopolíticas. Sobre os déficits, ele acrescentou que o crescimento é “a única solução real” para reduzi-los.
O veterano CEO do JPMorgan disse, no início deste mês, que não ficou surpreso com a vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA. Em uma entrevista durante o Fórum Econômico Mundial no ano passado, Dimon declarou que Trump estava “meio certo” em algumas questões.
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Na ampla entrevista nesta edição do fórum, Dimon também comentou sobre o bilionário Elon Musk e o esforço de eficiência governamental que Musk está prestes a liderar. Dimon disse que ele e Musk resolveram algumas de suas “diferenças” e desejou o melhor para o projeto.
“Acho completamente racional que alguém olhe para nosso governo e dizer que ele tem sido ineficaz”, afirmou Dimon. “O governo precisa ser mais responsável, precisa ser mais eficiente, deve ser baseado em resultados.”
O JPMorgan reorganizou sua alta administração na semana passada, menos de um ano após sua última grande mudança. Pinto, que foi presidente e diretor de operações do banco por cerca de três anos, se aposentará no final do próximo ano. A executiva veterana Jenn Piepszak foi nomeada sucessora de Pinto como COO, embora tenha descartado a possibilidade de ser sucessora de Dimon quando ele se aposentar.
Dimon afirmou na semana passada que seu cenário base é permanecer por mais alguns anos.
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Pinto afirmou que este é o momento certo para acolher a nova geração no JPMorgan. Ele também disse que se sente bem sobre a capacidade de seu banco de competir com o crédito privado, que cresceu nos últimos anos, mas ressaltou que o financiamento desse setor para pequenas empresas merece atenção.
“Há muitos empréstimos diretos indo para o segmento menor dos mercados médios”, disse Pinto. “Como esses fundos vão se comportar em uma crise com pequenas empresas é algo com que você quer se se preocupar, você quer ficar de olho”.
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