Morgan Stanley rebaixa ações do Brasil e cita peso negativo de riscos fiscais

Banco de Wall Street diz que o crescente déficit pode levar o Banco Central a subir mais os juros, o que faz com que mesmo valuations baratos sejam insuficientes para atrair investidores

Renta variable
Por Leda Alvim
18 de Novembro, 2024 | 01:29 PM

Bloomberg — O Morgan Stanley rebaixou as ações brasileiras para “underweight” - abaixo do peso em alocação - e alertou que o crescente déficit fiscal do país pode se sobrepor às tentativas do Banco Central de controlar a inflação, levando a um aumento ainda maior das taxas de juros.

As preocupações com o compromisso do governo de controlar os gastos têm deixado investidores mais céticos em relação às perspectivas de investimento no Brasil, mesmo com os valuations baratos, escreveram os estrategistas Nikolaj Lippmann, Juan Ayala e Julia Nogueira em uma nota.

“O financiamento do governo está sugando o oxigênio da sala para os mercados locais”, disseram eles, acrescentando que as altas taxas de juros atraem investidores para que coloquem seu dinheiro em instrumentos de renda fixa. “As ações locais não podem competir com isso.”

Leia mais: Verde, de Luis Stuhlberger, apostou em bitcoin antes de alta com vitória de Trump

PUBLICIDADE

Analistas vêm elevando as previsões de taxas de juros e inflação para o Brasil, dado que o Banco Central adverte sobre um ciclo de aperto monetário mais prolongado se as expectativas de preços ao consumidor piorarem ainda mais.

Os diretores do Copom, que começaram a elevar os custos dos empréstimos no mesmo momento em que o Federal Reserve fez cortes, em setembro, defenderam “mudanças estruturais” na política fiscal para que fosse possível reduzir as previsões de inflação.

Não é apenas o Brasil que preocupa os investidores.

As perspectivas para as ações continuam sombrias em toda a América Latina, já que a região luta contra o populismo e a disciplina fiscal, disse o Morgan Stanley. O banco de investimento de Wall Street permanece com recomendação underweight no México, citando o risco de populismo.

“A política atrapalhou o momentum da América Latina e vários obstáculos precisam ser superados para que a região volte a desenvolver uma narrativa clara de investimento”, escreveram. “Valuations baratos não são suficientes.”

Os estrategistas recomendaram ações relacionadas à digitalização, à energia e à agricultura no Brasil, ao mesmo tempo em que evitaram ações cíclicas domésticas, dados os riscos para os lucros caso o estímulo fiscal seja retirado em meio a uma política monetária restritiva.

Leia mais: Ata do Copom: política fiscal expansionista continua a estimular a demanda

PUBLICIDADE

Uma visão mais otimista depende de um plano de austeridade fiscal no Brasil e do alinhamento de políticas com os Estados Unidos no México, disseram eles. Mas ainda é muito cedo para se tornar otimista, já que “as coisas podem piorar antes de melhorar”.

Em toda a região, o Morgan Stanley está overweight - acima do peso em alocação - na Argentina, no Chile e na Colômbia, devido à maior probabilidade de melhoria das políticas.

"Os mercados andinos são relativamente pequenos e pouco profundos, mas oferecem bom valor e baixa correlação" com o resto do mundo, acrescentaram.

Veja mais em bloomberg.com

©2024 Bloomberg L.P.