Morgan Stanley: moedas de emergentes estão em risco com fraqueza da China

Banco de Wall Street se soma a outros grandes gestores no pessimismo com a segunda maior economia do mundo, a depreciação do yuan e seus possíveis efeitos

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Bloomberg — O Morgan Stanley (MS) está retornando à visão de bear market para as moedas de mercados emergentes, citando preocupações como os riscos ao crescimento da China e seus efeitos não apenas para o yuan mas também para uma economia global já enfraquecida.

A mudança de uma posição anteriormente neutra do banco resultou, em parte, da nova visão sobre o yuan offshore, o que levou o gigante de Wall Street a uma posição vendida, dadas as expectativas de que os riscos de crescimento continuem a ser um foco, conforme nota da equipe de estrategistas liderada por James Lord. “A fraqueza da CNH (yuan offshore) e a fraqueza macroeconômica da China devem se espalhar para o restante dos mercados emergentes.”

O Morgan Stanley faz parte de um grupo de grandes bancos que reduziram recentemente as previsões para o crescimento econômico da China em 2023, após uma série de dados decepcionantes e a falta de estímulos fiscais ou monetários potentes.

O yuan já caiu quase 6% em relação ao dólar neste ano, aproximando-se de seu nível mais fraco desde 2007, apesar dos esforços crescentes de Pequim para sustentar a moeda.

As moedas asiáticas, particularmente o dólar de Cingapura, o baht da Tailândia, o won da Coréia do Sul e o ringgit da Malásia, parecem estar mais expostas a uma desaceleração do crescimento da China, enquanto outras moedas de economias emergentes, incluindo a rupia indiana e a lira turca, podem estar mais bem posicionadas, de acordo com os estrategistas do Morgan Stanley.

Em relação ao crédito soberano, Panamá, Zâmbia, Angola e Equador podem ter a maior exposição negativa a um enfraquecimento da economia chinesa, dados os vínculos comerciais e a sensibilidade de seus títulos ao desempenho do yuan offshore.

“Não esperamos uma recuperação significativa no sentimento em relação às perspectivas da China no curto prazo”, escreveram os estrategistas, citando a baixa confiança do setor privado, a desalavancagem no setor imobiliário e questões de longo prazo, desde a dívida até a demografia.

O Morgan Stanley não é o único banco de Wall Street que prevê a fraqueza do yuan. O Goldman Sachs (GS) também espera que a queda do yuan se estenda com exportações fracas, consumo interno lento e pressões deflacionárias, de acordo com uma nota escrita por estrategistas liderados por Danny Suwanapruti.

De qualquer forma, as medidas de apoio do banco central chinês vão moderar o ritmo de depreciação do yuan, disse o Goldman Sachs.

“Uma das principais preocupações do mercado é se o enfraquecimento do yuan estimulará fluxos significativos de saída de capital. No entanto, as reservas cambiais são altas, os ativos externos dos bancos comerciais foram reforçados e o PBOC [BC da China] restringiu os canais de saída de capital.”

-- Com a colaboração de Ruth Carson.

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