Morgan Stanley investe mais para crescer na América Latina, diz head para região

John Moore disse em entrevista à Bloomberg News que a região ganha destaque em momento de riscos geopolíticos mais evidentes em outras partes do mundo e aponta oportunidades

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Bloomberg — O Morgan Stanley (MS) tem aumentado seus investimentos na América Latina à medida que conflitos geopolíticos em outras partes do mundo proporcionam à região uma proeminência crescente na economia global.

As guerras na Europa e no Médio Oriente e as tensões crescentes na Ásia realçam a importância da América Latina “para reorganizar as cadeias de abastecimento e fornecer desde alimentos e metais industriais a combustíveis de transição energética e ingredientes farmacêuticos”, disse John Moore, head para os negócios na América Latina do Morgan Stanley, em entrevista à Bloomberg News.

Citando tendências de reversão da globalização em todo o mundo, Moore disse que o banco “vem aumentando constantemente nosso investimento no Brasil, no México e em outras geografias da América Latina, uma tendência que esperamos que continue” com crescimento gradual do time e de capital dedicado.

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O Morgan Stanley, que também tem presença local na Argentina, no Chile e na Colômbia, vê oportunidades para o negócio de investment banking, incluindo assessoria em fusões e aquisições (M&As), coordenação de operações de mercado de capitais, corretagem e crédito privado, disse ele.

O banco com sede em Nova York tem cerca de 400 pessoas que atendem clientes latino-americanos nessas verticais de negócios.

Um dos maiores players em gestão de fortunas para indivíduos ricos da região, o Morgan Stanley expandiu os ativos sob gestão em cerca de 6% no ano passado, para cerca de US$ 120 bilhões.

Ainda assim, ele ressaltou que a América Latina não está imune à volatilidade.

“Obviamente, há ventos contrários que impactam taxas de juros e transições políticas em toda a região e globalmente, com os mercados do México e do Brasil apresentando desempenho inferior aos dos Estados Unidos no acumulado do ano”, disse Moore.

No Brasil, as preocupações fiscais têm pressionado o real, que perdeu 10% do seu valor neste ano em relação ao dólar. Mas os estrangeiros ainda estão interessados em investir no país, dado o número de fintechs e de empresas de comércio eletrônico com tecnologia de ponta, bem como uma “enorme oportunidade ESG” em energias renováveis, disse Moore.

Essas oportunidades incluem o etanol de segunda geração para a aviação (SAF, na sigla em inglês) a partir da biomassa da cana-de-açúcar bem como o desenvolvimento de infraestrutura local.

A guerra na Ucrânia também colocou em destaque as exportações de energia e alimentos do Brasil que podem ser direcionadas à Europa, disse ele.

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Eleições no México

A recém-eleita presidente do México, Claudia Sheinbaum, trouxe incerteza para os investidores, segundo analistas. Sua vitória era amplamente esperada, assim como uma postura mais favorável ao mercado.

Mas a quase maioria absoluta da coligação do governo no Congresso surpreendeu os investidores, que temem que os legisladores aprovem reformas constitucionais que possam reduzir os controles sobre o Executivo e pressionar o orçamento. O peso perdeu quase 8% em relação ao dólar neste ano.

“Para mim, há uma abundância e variedade de oportunidades no México, com o aumento dos fluxos de investimento direto estrangeiro e as remessas fortalecendo o peso, as fusões e aquisições entre empresas de dentro e de fora do país e operações de hedge e derivativos associadas às transações de mercado de capitais”, disse Moore.

“Recentemente, verificamos [a situação] com clientes que tinham planos para o México e eles continuam sendo mantidos mesmo após os resultados das eleições.”

O Morgan Stanley está entre os coordenadores da oferta pública inicial de ações de US$ 677,4 milhões da BBB Foods, varejista de descontos no México, cujo preço foi definido em fevereiro nos EUA.

A empresa, holding que conduz negócios por meio de sua principal subsidiária, Tiendas 3B, aumentou a faixa de preços durante a transação, cuja demanda superou em mais de 10 vezes a oferta.

O banco de investimento também participou na transação da empresa peruana de cuidados de saúde Auna e está entre os coordenadores anunciados do possível futuro IPO da Aeroméxico, a empresa aérea mexicana que saiu da recuperação judicial há mais de dois anos.

O Morgan Stanley Tactical Value – que faz investimentos privados, de longo prazo e provavelmente ilíquidos – estava entre os investidores em uma rodada de captação de US$ 100 milhões da startup mexicana de pagamentos Clip, anunciada no início desta semana.

O volume de ofertas de ações de empresas latino-americanas aumentou 34% até agora neste ano, para US$ 3,64 bilhões, mostram dados compilados pela Bloomberg.

Na Argentina, se o governo for capaz de implementar reformas fiscais e tributárias, “haverá também mais atividade e investimento por parte do Morgan Stanley”, disse Moore.

Ele elogiou a redução da inflação, os cortes de impostos e os planos de privatização que estão em curso. No Peru, na Colômbia e no Chile, a ideia é “continuar atendendo clientes em nossos negócios institucionais e de gestão de fortunas”.

Com a elevada volatilidade e as expectativas de que as taxas de juros permanecerão mais altas por mais tempo do que o anteriormente esperado, o crédito estruturado pode ajudar os clientes a reduzir os custos de financiamento, disse Moore.

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O banco integrado também pode oferecer soluções para exposições cambiais, de taxas de juros e de commodities.

O Morgan Stanley está entre os bancos que se beneficiaram com a fusão entre o Credit Suisse e o UBS, uma vez que clientes ricos com contas em ambos os bancos sediados em Zurique procuraram diversificação e abriram contas nos concorrentes.

Por outro lado, o Morgan Stanley perdeu assessores de investimento e fechou algumas contas no meio de uma revisão regulatória nos últimos anos focada em saber se o negócio de wealth management tinha controles adequados para prevenir a lavagem de dinheiro de clientes ricos de fora dos EUA.

O Morgan Stanley, que tem escritórios de wealth management que atendem latino-americanos ricos fora da região, em cidades como Nova York e Miami, planeja continuar a expandir esse negócio, depois que a unidade dobrou sua receita nos últimos sete anos, disse Moore.

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