Moedas de mercados emergentes caminham para melhor ano desde 2017

Perspectiva de fim do ciclo de aperto nos EUA derrubou o dólar e incentivou investidores a buscarem maior retorno em emergentes nesta reta final do ano

Por

Bloomberg — Conforme se aproxima o fim de um ano tumultuado para os ativos de países em desenvolvimento, as moedas de mercados emergentes caminham para apresentar o melhor desempenho desde 2017, uma vez que o rali tardio tem levado investidores a buscarem retornos mais altos enquanto ainda podem.

O índice de referência MSCI EM Currency avança nesta terça-feira (21), elevando os ganhos para 3,4% no acumulado de 2023.

Essa marca ocorre após uma recuperação desde o início de outubro, já que a melhora nos dados de inflação dos Estados Unidos amplia expectativas de que o Federal Reserve (Fed) encerrará o ciclo de aumentos das taxas de juros e de um possível corte até meados de 2024.

Os argumentos a favor de uma recuperação dos mercados emergentes estão crescendo, mas o ritmo dos ganhos recentes pode levar alguns investidores a realizar lucros e à maior volatilidade no curto prazo”, disse Eugenia Victorino, chefe de estratégia para a Ásia do Skandinaviska Enskilda Banken AB.

“Isso não quer dizer que a direção não esteja correta. Mas o ritmo da recuperação foi muito rápido.”

A retomada das moedas de países emergentes ocorre em um ano marcado por movimentos de gangorra, frequentemente pegando os investidores desprevenidos com apostas prematuras sobre o crescimento econômico da China, um pivô da taxa do Fed e a trajetória da inflação.

Depois que os dados de outubro mostraram uma forte desaceleração no crescimento dos preços ao consumidor nos EUA, os mercados globais pareceram chegar a um consenso de que a era do aperto monetário havia finalmente terminado.

Isso colocou o dólar no rumo de suas maiores baixas em um ano neste mês e reforçou o argumento para investir em mercados emergentes.

Líderes entre os emergentes

Grande parte do retorno neste ano foi visto na América Latina e na Europa Oriental, onde os bancos centrais realizaram alguns dos maiores aumentos dos juros nos últimos três anos.

As moedas da Polônia e da Hungria têm sido as estrelas da recuperação desde o início de outubro. As eleições em Varsóvia, que colocaram no poder uma aliança pró-União Europeia e fiscalmente prudente, ajudaram o zloty, enquanto a inflação em baixa e o guidance relativamente cauteloso para a flexibilização do banco central apoiaram o forint.

Os formuladores de políticas em Budapeste devem cortar a taxa básica em 0,75 ponto percentual, para 11,5%, nesta terça-feira, e continuar nesse ritmo até fevereiro, de acordo com o cenário apresentado na semana passada pelo vice-governador Barnabas Virag.

Além dessas duas moedas, alguns dos melhores retornos de “carry trade vieram da América Latina este ano. Também chamada de trade de carrego, a operação consiste em tomar dinheiro emprestado a juros baixos e aplicar o mesmo capital em países de juros mais altos, ganhando com o diferencial de juros.

Os pesos colombiano e mexicano e o real brasileiro proporcionaram aos investidores ganhos de pelo menos 15% cada, enquanto as apostas na lira turca e no ringgit malaio foram as que mais perderam.

Os estrategistas do Goldman Sachs esperam que os mercados emergentes continuem a oferecer retornos atraentes em 2024. Metade dos 10% de retorno esperados dos títulos soberanos no próximo ano virá do carry trade, escreveram analistas, incluindo Andrew Tilton, no relatório de perspectivas do banco.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também:

Por que a inflação cede nos EUA, mas ainda persiste em Miami e na Flórida

O que esperar para a economia da Argentina com Milei, segundo 9 bancos e corretoras