Michael Hartnett, do BofA: selloff ainda não reflete temor de ‘hard landing’

Estrategista diz que níveis técnicos da bolsa que mudariam a narrativa de um ‘soft landing’ na economia americana ainda não foram rompidos, apesar da queda recente das ações

Michael Hartnett, do Bank of America
Por Sagarika Jaisinghani
09 de Agosto, 2024 | 12:08 PM

Bloomberg — A turbulência nos mercados financeiros globais ainda não atingiu proporções que sinalizem preocupações com um hard landing da economia americana, de acordo com Michael Hartnett, do Bank of America (BAC).

Mesmo com o S&P 500 em queda de cerca de 6% desde seu recorde de alta em meados de julho, o índice de referência dos EUA manteve-se acima de sua média móvel de 200 dias, em torno de 5.050 pontos, enquanto o rendimento do título do Tesouro americano de 30 anos não caiu abaixo de 4%.

Leia mais: Após selloff, membro do Fed diz que banco central não reage a dados isolados

“Os níveis técnicos que mudariam a narrativa de Wall Street de um soft landing para um hard landing não foram rompidos”, escreveu Hartnett em uma nota a clientes.

PUBLICIDADE

“O feedback do investidor está ‘frenético’”, mas as expectativas de cortes nas taxas do Federal Reserve significam que a preferência por ações em detrimento de títulos não foi encerrada pelo revés do mercado, acrescentou um dos mais proeminentes e respeitados estrategistas de Wall Street.

Michael Hartnett diz que os indicadores ainda não sinalizam uma narrativa de hard landing da economia americana

Os mercados globais foram abalados nesta semana, com investidores preocupados com a hipótese de o Fed ter sido muito lento para cortar as taxas de juros a tempo de evitar uma recessão nos EUA.

Ainda assim, o S&P 500 se recuperou depois que novos dados econômicos na quinta-feira (8) mostraram um arrefecimento mais lento do que o esperado no mercado de trabalho. O índice está agora acumulava uma queda de apenas 0,5% nesta semana.

Hartnett, que adotou um tom mais neutro em relação às perspectivas para ações neste ano, depois de permanecer pessimista durante um ano de ganhos em 2023, disse que os próximos níveis técnicos a serem observados seriam as médias móveis de 200 dias para o Índice de Semicondutores da Bolsa de Valores da Filadélfia, bem como um fundo negociado em bolsa (ETF) que acompanha as big techs.

Leia mais: Claudia Sahm: ‘os EUA não estão em recessão, apesar de minha regra dizer o contrário’

No momento, as ações das gigantes de tecnologia estão pairando um pouco acima desses níveis, mas uma nova queda significaria que o próximo suporte para o S&P 500 entraria em vigor nas máximas de 2021 — o que implicaria uma queda de mais 10% para o índice de referência, disse o estrategista.

Hartnett também reiterou sua visão de que os investidores devem aproveitar para vender no primeiro corte de taxas do Fed. Ele disse esperar que os vencedores do trade de inteligência artificial afundem no segundo semestre até que os lucros aumentem.

PUBLICIDADE

Ele ainda destacou oportunidades em ativos que estavam “estrangulados por rendimentos de 5% e que podem respirar mais facilmente com rendimentos de 3% a 4%”, incluindo títulos públicos, REITs (fundos imobiliários), ações de small caps e alguns mercados emergentes em dificuldades, como o Brasil.

- Com a colaboração de Michael Msika.

Veja mais em Bloomberg.com