Mercados sinalizam alta antes de feriado nos EUA, dados econômicos e balanços

Investidores se debruçam sobre as previsões para o novo semestre com olhar sobre rumo dos juros e seu efeito sobre as economias e os resultados das empresas

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Barcelona, Espanha — A perspectiva de que a inflação continuará caindo e de que os bancos centrais estão perto do limite do aperto monetário dão impulso aos mercados, mas ainda pesam sobre o humor as incertezas quanto a uma recessão e a próxima safra de balanços. No Brasil, os operadores esperam pela sabatina de novos diretores do Banco Central amanhã.

Os futuros de índices dos Estados Unidos registravam sinais mistos e as bolsas europeias subiam. No mercado asiático, os índices fecharam com ganhos expressivos.

As ações de mineradoras e bancos lideraram os ganhos na Europa, enquanto no Japão o índice Topix atingiu máximas vistas pela última vez em meados da década de 1990, ante a melhora de confiança entre os grandes fabricantes.

Nos Estados Unidos, o ânimo é atenuado pelo feriado de amanhã, enquanto os investidores se preparam para os dados trimestrais das empresas e aguardam pelos dados sobre as folhas de pagamento dos EUA, o payroll, divulgados na sexta-feira e que podem dar pistas sobre o ritmo da economia norte-americana.

Nikolaos Panigirtzoglou, estrategista de mercado global do JPMorgan Chase & Co., avalia que o desempenho positivo dos mercados na primeira metade do ano cria vulnerabilidades para o segundo semestre, pois se ocorrer uma recessão nos EUA haverá uma reavaliação abrupta do preço do mercado.

No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos recuava para 3,841% às 6h51 (horário de Brasília). No mercado de moedas, o dólar se apreciava enquanto a libra e o euro se depreciavam.

Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI subiam e ouro se desvalorizava. O bitcoin subia pouco, situado acima dos US$30.000.

→ O que move os mercados hoje

🛒 Casino perto de um default. As ações do controlador do Pão de Açúcar caíram até 21% hoje, para um mínimo recorde. A rede francesa alerta que está às portas da inadimplência. A dívida bruta garantida da empresa fechou o último trimestre acima do limite de 3,5 vezes o lucro, o que viola os termos de crédito.

🥽 Visão reduzida. O complexo design do Vision Pro, o mais recente gadget de realidade aumentada lançado pela Apple (AAPL), levará a uma redução da meta inicial de produção de 400.000 unidades do headset, lançado no mês passado por US$3.499, segundo o Financial Times.

🚘 Recordes elétricos. Assim como a Tesla (TSLA), sua concorrente BYD obteve novo recorde no segundo trimestre, com venda de 700.244 veículos, metade deles totalmente elétricos e a outra metade de híbridos. As vendas globais da Tesla somaram 466.140 no período e superaram as previsões. As ações da BYD subiram 4,48% em Hong Kong e as da Tesla avançavam 6% nas negociações prévias à abertura dos mercados.

Esfriamento asiático. A atividade industrial chinesa medida pelo PMI da Caixin atingiu 50,5 em junho, uma desaceleração em relação à medição de maio (50,9). O fraco desempenho da China, já apontado pelo PMI oficial na semana passada, afeta também a atividade fabril medida pelo PMI na Coreia do Sul (47,8), no Japão (49,8), além de Taiwan e outros países da Ásia.

💵 Prioridade tecnológica. A IBM (IBM) vai priorizar apoio à startup japonesa de fabricação de chips Rapidus Corp. A empresa, que é apoiada pelo governo japonês e por grandes empresas do Japão, está trabalhando no design do chip de 2 nanômetros da IBM para produção em escala. Os semicondutores mais avançados hoje são de 3 nm.

🔍 Risco e investigação. O ex-CEO do Credit Suisse (CS), Thomas Gottstein, está sendo investigado pelo órgão regulador financeiro da Suíça (Finma) por seu papel na implosão de um grupo de fundos de US$10 bilhões ligado ao financista Lex Greensill, segundo o jornal suíço SonntagsBlick. A agência abriu processos após concluir em fevereiro que o credor violou regras de gerenciamento de risco no financiamento da cadeia de suprimentos da Greensill Capital.

🛢️ Aquisição pendente. A PKN Orlen SA, maior petrolífera da Polônia, pode comprar participação na refinaria PCK da Alemanha Oriental, mas segundo seu CEO Daniel Obajtek, isso só acontecerá depois que o governo alemão se desfizer da participação de 54% da Rosneft PJSC, maior produtora de petróleo da Rússia.

🏠 Risco Imobiliário. O Goldman Sachs (GS) prevê uma taxa de inadimplência de 28% para os títulos imobiliários chineses de alto rendimento, ante previsão anterior de 19%, tendo em vista que a incerteza política continua no setor e que a inadimplência já soma 15,6% no acumulado deste ano.

(Com informações da Bloomberg News)

🟢 As bolsas na sexta-feira (30/06): Dow Jones Industrials (+0,84%), S&P 500 (+1,23%), Nasdaq Composite (+1,45%), Stoxx 600 (+1,16%), Ibovespa (-0,25)%)

As bolsas dos EUA fecharam com ganhos após a desaceleração do índice deflator PCE, contribuindo para um dos melhores trimestres do mercado acionário, marcado pela euforia frente ao setor de inteligência artificial.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

PMI Industrial/Jun: EUA, Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, México, Brasil

EUA: Gastos com Construção/Mai, Índice ISM de Emprego no Setor Manufatureiro/Jun, Índice de Novos Pedidos ISM/Jun, Preços no Setor Manufatureiro ISM/Jun, Venda de Veículos

Europa: França (Balanço Orçamentário); Espanha (Licenciamento de Veículos/Jun)

Ásia: China (PMI Industrial Caixin); Hong Kong (Venda no Varejo/Mai); Japão (Base Monetária/Jun)

América Latina: Brasil (Boletim Focus, Balança Comercial); Argentina (Receita Tributária)

Bancos centrais: Discurso de Joachim Nagel (Bundesbank)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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