Mercados reforçam cautela com juros altos do Fed e piora do setor imobiliário chinês

Investidores mostram menos apetite por risco, temendo que a política restritiva do Fed leve a uma recessão nos EUA; Problemas de incorporadoras da China aumentam

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
25 de Setembro, 2023 | 07:05 AM

Barcelona, Espanha — Após o Federal Reserve (Fed) sugerir que o fim dos juros altos ainda está distante, os mercados ampliam a expectativa por novos dados de inflação, no final desta semana. Enquanto isso, o apetite por risco também é afetado pela piora dos problemas imobiliários na China e pelo aumento da cotação do petróleo.

Os futuros de índices dos EUA recuavam, assim como as bolsas europeias. Na Ásia, os principais índices fecharam em baixa, embora o japonês Nikkei tenha encerrado positivo.

As ações do setor bancário na Itália avançam após o governo do país alterar o controverso imposto sobre lucros extraordinários do setor, dando aos credores a opção de evitar o pagamento caso façam reservas de capital adicionais. A alteração também limita o imposto a 0,26% dos ativos ponderados pelo risco dos credores numa base individual, em vez de 0,1% dos seus ativos totais.

Na Alemanha, o indicador de perspectiva empresaria do instituto Ifo subiu ligeiramente de 82,7 em agosto para 82,9 em setembro, um pouco pior do que os economistas haviam estimado em uma pesquisa da Bloomberg e ainda em níveis historicamente baixos.

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A União Europeia bloqueou o acordo de aquisição do grupo sueco Etraveli pela Booking Holdings (BKNG) por US$1,7 bilhão, após os reguladores do bloco concluírem que o negócio prejudicaria o mercado das agências de viagens online.

A Airbus disse que planeja criar 1.000 empregos no Reino Unido, onde já tem 12.000 trabalhadores, para engenheiros de sistemas criogênicos e engenheiros robóticos. As ações da empresa listadas em Londres subiam 0,15% e em Paris recuavam 0,63%.

O rendimento do título norte-americano para 10 anos subiam para 4,498% às 06:38 (horário de Brasília). Entre as divisas, o euro e a libra se depreciavam em relação ao dólar.

Em outros mercados, o ouro e bitcoin se desvalorizavam, enquanto os contratos de petróleo WTI subiam, cotados ao redor de US$ 90.

→ O que move os mercados hoje

📦 Investimento em IA. Em mais um esforço para avançar na forte disputa no mercado de inteligência artificial, a Amazon (AMZN) vai investir até US$4 bilhões em uma participação minoritária na startup Anthropic, um parceiro crucial que vai transferir a maior parte do seu software para data centers da Amazon Web Services. Além do acesso ao poder computacional da Amazon, os recursos ajudarão a Anthropic a pagar os custos para treinar e executar modelos de IA.

💲 Nova captação. O SoftBank deve decidir ainda hoje, em uma reunião do Conselho de Administração, sobre uma oferta pública de novas ações de até 120 bilhões de ienes (US$809 milhões), segundo a Bloomberg. Seria a primeira oferta da empresa em ativos de classe preferencial no Japão, sem direito a voto nem de conversão em ações ordinárias. A taxa de dividendos estimada é de 2% a 4% nos primeiros cinco anos.

🏠 Crise se aprofunda. A China Oceanwide recebeu uma ordem de liquidação nas Bermudas e as ações listadas em Hong Kong foram suspensas, aumentando as preocupações com o setor imobiliário no país. A China Evergrande Group, também em dificuldades, cancelou inesperadamente hoje reuniões com credores, avisando que deveria rever seu plano de reestruturação e as ações da empresa despencaram 22%.

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📲 Mais espera. O iPhone 15 mais barato da Apple (AAPL) está levando uma média de 10 dias úteis para ser entregue neste ano, quase o dobro do tempo do que seu antecessor, sinalizando a alta demanda pelo aparelho. Segundo dados da Counterpoint Research, na China, o tempo de espera pelo dispositivo quadruplicou. O iPhone 15 Pro Max, modelo mais avançado desta temporada, alcançou um tempo recorde de espera de 48 dias úteis.

🇪🇺 Defesa comercial. A tensão no mercado chinês aumentou após Valdis Dombrovskis, principal negociador comercial da União Europeia, avisar em sua visita à China que o bloco será mais “assertivo” no combate às “injustiças” nas condições de concorrência comercial. O comentário chega após a UE reforçar a defesa neste mês com uma investigação anti-subsídios sobre os veículos elétricos chineses.

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas na sexta-feira (22/09): Dow Jones Industrials (-0,31%), S&P 500 (-0,23%), Nasdaq Composite (-0,09%), Stoxx 600 (-0,31%), Ibovespa (-0,12%)

Os investidores aprofundaram o temor de uma recessão nos EUA ante a perspectiva de juros altos por mais tempos. As perdas foram contidas pelo setor de tecnologia, com alta das ações da Apple no primeiro dia de vendas dos novos iPhones.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Índice de Atividade Nacional-Fed Chicago/Ago, Índice de Atividade das Empresas-Fed Dallas/Set

Europa: Reino Unido (Pesquisa CBI de Varejo e Distribuição/Set); Alemanha (Índice Ifo de Clima de Negócios/Set); Espanha (IPP/Ago)

Ásia: Japão (Índice de Preços de Serviços-CSPI)

América Latina: Brasil (Boletim Focus, Confiança do Consumidor-FGV/Set, Transações Correntes/Ago, Investimento Estrangeiro Direto/Ago)

Bancos centrais: Discursos de Neel Kashkari (Fed), François Villeroy de Galhau (BCE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Periodista especializada en economía y finanzas ha trabajado en algunas de las principales publicaciones de Brasil, como Valor, Agencia Estado y Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.