Mercados monitoram commodities e sobem antes de inflação dos EUA

Os efeitos do bloqueio norte-americano a investimentos em alguns setores tecnológicos na China também estão sob a análise dos investidores

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
10 de Agosto, 2023 | 06:06 AM

Barcelona, Espanha — Os mercados refletem a ansiedade em torno do indicador de preços ao consumidor (IPC) dos Estados Unidos, que deve calibrar as previsões do mercado para a política monetária do Federal Reserve (Fed) nas próximas semanas.

Os futuros de índices dos EUA e as bolsas europeias subiam, enquanto na Ásia o fechamento foi majoritariamente positivo.

PUBLICIDADE

Operadores do mercado observam de perto hoje o aumento dos preços das commodities. O gás natural europeu ampliou os ganhos nesta quinta-feira, mantendo-se acima de € 40 devido a preocupações de uma possível ação industrial na Austrália que poderia interromper o fornecimento global. Analistas do Citigroup estimam que isso poderia levar a um salto nos contratos europeus de gás e LNG.

As ações de empresas associadas a viagens e marcas de luxo como LVMH e Hermes avançam em Londres após a China liberar viagens de grupos para vários países, EUA e Reino Unido.

Também avançam as ações da Allianz após a empresa reportar um salto no lucro do segundo trimestre. Em contrapartida, as ações da farmacêutica Novo Nordisk A/S (NVO) recuavam ante a restrição do fornecimento do medicamento para obesidade Wegovy nos EUA.

PUBLICIDADE

Nos Estados Unidos, a expectativa é que o efeito das restrições aos investimentos em setores sensíveis na China sejam mais limitados do que o inicialmente previsto.

No mercado de dívida, o rendimento do título norte-americano para 10 anos subia para 4,017% às 6:03 (horário de Brasília). Entre as divisas, o euro e a libra se apreciavam em relação ao dólar.

Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI e de ouro subiam pouco, enquanto o bitcoin recuava ligeiramente.

PUBLICIDADE

→ O que move os mercados hoje

📊 O que esperar do IPC. Uma análise da Bloomberg Economics sugere que o núcleo da inflação norte-americana em julho, que exclui preços de alimentos e energia, deve registrar uma alta de +0,2%, consistente com a meta anual de 2% do Federal Reserve. A moderação dos preços deve, portanto, começar a sinalizar os efeitos do aperto monetário e referendar as apostas do mercado de que pode não haver alta de juros em setembro.

Bloqueio de investimento. Após dois anos de deliberações, foi assinada a ordem do presidente Joe Biden que limita, a partir de 2024, investimentos dos EUA em algumas empresas chinesas de semicondutores, computação quântica e inteligência artificial, mas exclui setores como o de biotecnologia. Em resposta, a China declarou desapontamento em comunicado e avisou que salvaguardará seus próprios interesses.

🕶️ Livres para voar. As viagens em grupo voltaram a ser permitidas a partir desta quinta-feira pela China, inclusive para EUA, Reino Unido, Austrália, Coreia do Sul e Japão, o que pode impulsionar o mercado global de turismo. Um grande beneficiado pela medida deverá ser o Japão, onde os chineses responderam por um terço dos visitantes internacionais do país em 2019, antes das restrições pela pandemia.

PUBLICIDADE

🌾 Grãos inflacionados. Além dos efeitos da guerra na Ucrânia pesarem sobre o preço internacional do trigo e do milho, a piora do clima coloca os preços do arroz no maior nível em quase 15 anos, ampliando temores em relação à inflação dos alimentos. O clima seco ameaça a safra da Tailândia, e a Índia, que responde por 40% do comércio mundial, já restringe a exportação.

🍦 IPO bilionário. A chinesa Midea selecionou o Bank of America e a China International Capital para trabalharem no plano de listagem em Hong Kong, que pode ser uma das maiores operações dos últimos anos na bolsa local, diz a Bloomberg. A fabricante de eletrodomésticos tem um valor de mercado de cerca de US$55 bilhões.

💵 Nova batalha? O presidente Joe Biden deve enviar ao Congresso um pedido de financiamento suplementar de pelo menos US$25 bilhões, ajuda humanitária e defesa, incluindo apoio à Ucrânia, segundo a Bloomberg. Isso pode estabelecer um possível confronto com os republicanos menos dispostos a fornecer mais apoio financeiro para a guerra na Ucrânia.

📉 Ganhos menores. O lucro da Siemens atingiu €1,4 bilhão no trimestre até junho e ficou aquém das estimativas dos analistas (€1,6 bilhão), tendo em vista uma demanda mais fraca na China e os problemas com turbinas eólicas da divisão de energia. A empresa cortou a perspectiva de margem de lucro para sua unidade de indústrias digitais em meio ponto percentual, para até 23%.

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (09/08): Dow Jones Industrials (-0,54%), S&P 500 (-0,70%), Nasdaq Composite (-1,17%), Stoxx 600 (+0,43%), Ibovespa (-0,57%)

Wall Street foi atingido por quedas em grandes empresas de tecnologia, bem como pelo aumento dos preços do petróleo e do gás natural. As ações da Tesla, Apple e Amazon também contribuíram para a baixa.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: IPC/Jul, Pedidos Iniciais por Seguro-Desemprego, Balanço Orçamentário Federal/Jul), Relatório Mensal da OPEP, Balanço Patrimonial-Fed

Europa: Alemanha, França e Espanha (Índice de Sentimento do Consumidor/Ago); Itália (IPC/Jul, Índice de Sentimento do Consumidor/Ago); Portugal (IPC/Jul)

Ásia: Japão e China (Índice de Sentimento do Consumidor/Ago)

América Latina: Brasil (Crescimento do Setor de Serviços /Jun)

Bancos centrais: Relatório Mensal-BCE, Decisão da Taxa de Juros-Banco do México, Saldos de Reservas com Bancos-Fed

Balanços: Alibaba, Siemens, Allianz, News Corp, US Foods, Ralph Lauren, Thyssenkrupp

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

Leia também:

Governo deve acionar AGU para liberar estudos da Petrobras na Foz do Amazonas

WeWork: em conferência de 13 minutos, empresa diz como pretende sobreviver

Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Periodista especializada en economía y finanzas ha trabajado en algunas de las principales publicaciones de Brasil, como Valor, Agencia Estado y Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.