Novo tom do mercado? Emergentes estão prestes a fechar mais um mês no vermelho

Indicadores de moedas, ações e títulos de países em desenvolvimento devem registrar nova desvalorização em setembro, depois de perdas em agosto

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Bloomberg — Os mercados emergentes iniciam a última semana de setembro em uma situação delicada, com sinais de tensão no setor imobiliário chinês que aumentam as preocupações sobre o fraco crescimento na segunda maior economia do mundo.

Os principais indicadores de moedas, ações e títulos de países em desenvolvimento estão prestes a registrar seu segundo mês consecutivo de perdas, à medida que os investidores se preocupam com os problemas econômicos da China e a perspectiva de um período prolongado de taxas elevadas nos Estados Unidos.

O índice de ações de mercados emergentes da MSCI caiu 0,7% nesta segunda-feira (25), e os valores imobiliários chineses registraram a maior queda em nove meses devido às preocupações com uma possível liquidação do grupo Evergrande.

A maioria das moedas de países em desenvolvimento enfraqueceu à medida que o dólar se fortaleceu e os rendimentos dos Estados Unidos aumentaram, reduzindo o atrativo de ativos mais arriscados. Os mercados ainda estão se ajustando à decisão do Federal Reserve na semana passada, cuja mensagem principal foi que as taxas provavelmente permanecerão mais altas por mais tempo do que o esperado.

“As altas taxas em todo o mundo não favorecem os ativos locais”, escreveram analistas do BBVA México liderados por Ociel Hernández em uma nota.

O peso colombiano, a moeda com melhor desempenho do mundo este ano, liderou as perdas, caindo cerca de 1,4%.

O peso chileno e o real brasileiro também caíram, à medida que a preocupação com a China afetou os preços dos metais industriais, que são os principais produtos de exportação de ambos os países.

O florim caiu pelo sexto dia consecutivo em relação ao euro, uma vez que os investidores aumentaram as expectativas de cortes nas taxas antes da decisão de política monetária na terça-feira, após comentários sobre inflação feitos por autoridades monetárias no final da semana passada.

Henrik Gullberg, economista macro da Coex Partners, disse: “Para a EMEA [Europa, Oriente Médio e África] e América Latina, acredito que a política será crucial, já que os bancos centrais provavelmente serão influenciados por uma combinação de desinflação e crescimento fraco”.

“Onde os bancos centrais tendem a favorecer mais o crescimento, é provável que vejamos um desempenho cambial mais fraco.”

O peso mexicano caiu, e é quase certo que o Banco do México manterá sua taxa chave inalterada na quinta-feira (28).

O baht ficou para trás em relação a seus pares em países em desenvolvimento, com economistas divididos sobre se o banco central aumentará os custos de empréstimos em 25 pontos-base ou manterá a taxa de referência inalterada na quarta-feira (27).

O yuan offshore enfraqueceu mesmo depois que o Banco Popular da China aumentou o apoio à moeda ao definir a taxa de referência em um nível mais alto do que o esperado pelos observadores do mercado.

-- Com a colaboração de Michael O’Boyle.

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