Mercados buscam recuperação após semana de balanços e se preparam para Fed e BCE

Investidores colocam na balança sinais de força do mercado de trabalho dos EUA e do varejo do Reino Unido antes das reuniões da próxima semana

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
21 de Julho, 2023 | 06:54 AM
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Barcelona, Espanha — Os investidores se dividem entre sinais de resiliência econômica nos Estados Unidos e no Reino Unido e as incertezas sobre o rumo do aperto monetário na próxima semana, tendo em vista os temores de recessão. Enquanto isso, o mercado absorve os balanços do segundo trimestre e algumas previsões piores para o resto do ano no setor de tecnologia.

Os futuros de índices dos EUA e as bolsas europeias operavam com ganhos moderados, enquanto na Ásia, o fechamento teve sinais mistos.

Os operadores passaram a se preocupar de novo com a hipótese de duas novas altas de 0,25 ponto percentual do juro pelo Federal Reserve (Fed) até o final do ano, após uma queda nos pedidos de seguro desemprego no país relatados na quinta-feira (20). A economia do Reino Unido também mostra sinais de resistência da inflação e da demanda dos consumidores.

Há ainda riscos inflacionários em monitoramento, com aumento médio de 10% tanto nos preços do trigo, por desdobramentos da guerra na Ucrânia, como nos de gás natural na Europa e nos EUA, dado o calor extremo e o aumento do uso de energia para ar condicionado.

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No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos subia pouco para 3,854% às 6h42 (horário de Brasília). Entre as divisas, a libra e o euro se depreciavam pouco ante o dólar.

Em outros mercados, o bitcoin e os contratos de petróleo WTI se valorizavam, enquanto o ouro perdia valor.

→ O que move os mercados hoje

🎮 Espaço para fusão. A Comissão Federal de Comércio dos EUA interrompeu um julgamento interno contra a aquisição da Activision Blizzard (ATVI) por US$69 bilhões pela Microsoft (MSFT), o que abre as portas a um possível acordo. As empresas estenderam as negociações até 18 de outubro para negociarem com reguladores que se opõem à compra.

💸 Menos bilionário. A fortuna de Elon Musk despencou US$20,3 bilhões, para cerca de US$234,4 bilhões, depois que a Tesla (TSLA) alertou que pode continuar a reduzir os preços de seus veículos elétricos. O movimento diminui a diferença, agora de US$33 bilhões, em relação à segunda pessoa mais rica do mundo, Bernard Arnault.

💲 Lucro maior. A multinacional de matérias-primas de mineração Glencore estima que seu lucro ficará entre US$3,5 bilhões e US$4 bilhões em 2023, acima da estimativa anterior, de US$2,2 bilhões a US$3,2 bilhões, mas aquém do recorde de US$6,4 bilhões de 2022, quando o comércio de commodities foi favorecido pela alta de preços e de volatilidade gerada pela guerra na Ucrânia.

⬇️ Menos gastos em TI? As ações da Infosys (INFY) recuaram 10%, após a empresa indiana de serviços de software reduzir sua previsão de aumento das vendas no ano para uma faixa entre 1% e 3,5%, ante a estimativa prévia de 4% a 7%. Isso ampliou a preocupação de mais atraso na recuperação dos gastos das empresas com tecnologia.

🍞 Fator inflacionário. Enquanto os investidores se preocupam com o rumo da inflação e do aperto monetário na Europa e nos EUA, o preço do trigo caminha para fechar a semana com um aumento de 10% ante temores de redução da oferta. A Rússia rescindiu o acordo que permitia à Ucrânia exportar grãos por meio de portos do Mar Negro e atacou as instalações agrícolas ucranianas. Ambos os países alertaram ainda que os navios que circulam esses portos agora podem ser considerados alvos militares.

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📉 Reação em cadeia. As ações da TSMC recuaram -3,28% em Taipei após fazer prever queda de 10% de suas vendas este ano e adiar a produção em seu projeto nos Estados Unidos para 2025. Essa estimativa sombria da principal fabricante de chips da Apple (AAPL) e Nvidia (NVDA) afetou também as ações de fornecedoras de equipamentos como Tokyo Electron (-5,62%), além de Samsung Electronics (-0,99%), na Coreia do Sul, e da própria Nvidia (NVDA) que chegou a recuar mais de 3% nos EUA, mas mostrava ligeira alta nas operações prévias à abertura do mercado.

🔎 Falência em foco. A falida FTX Trading está movendo um processo contra seu co-fundador e suposto fraudador Sam Bankman-Fried, e seus principais assessores, para tentar recuperar milhões de dólares e desfazer mais de US$1 bilhão em transações questionáveis, que derrubaram o setor cripto em novembro. Oito meses antes do colapso, a ex-CEO da Alameda Research, Caroline Ellison, estimou que havia um déficit de caixa de mais de US$10 bilhões na FTX, conforme declarado nesta quinta-feira.

💂🏻‍♀️ Resiliência britânica. As vendas no varejo do Reino Unido subiram +0,7% em junho, ante previsão de +0,2%, mesmo com ventos contrários da inflação e do aumento de juros. Ao mesmo tempo, a confiança do consumidor no país declinou 6 pontos em julho para -30 segundo pesquisa GfK, a queda mais acentuada em 15 meses e a leitura mais baixa desde abril, indo além da queda esperada pelo mercado (-25).

🟢 As bolsas ontem (20/07): Dow Jones Industrials (+0,47%), S&P 500 (-0,68%), Nasdaq Composite (-2,05%), Stoxx 600 (+0,42%), Ibovespa (+0,45%)

As previsões sombrias da TSMC sobre o mercado de chips e recuo das ações da Tesla e Netflix afetaram as bolsas dos EUA e levou o Nasdaq a perder mais de 2%. Já o resultado positivo da Johnson & Johnson garantiu um fechamento positivo para o Dow Jones.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: Sem eventos de destaque

Europa: Reino Unido (Vendas no Varejo/Jun, Dívida Líquida do Setor Público/Jun); Espanha (Confiança do Consumidor)

Ásia: Japão (IPC/Jun)

América Latina: Argentina (Balanço Orçamentário/Jun)

Balanços: American Express, First Republic Bank

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Periodista especializada en economía y finanzas ha trabajado en algunas de las principales publicaciones de Brasil, como Valor, Agencia Estado y Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.