Mercados asiáticos sinalizam abertura de semana em direções mistas antes do Fed

Simpósio anual em Jackson Hole, de quinta a sábado, atrai a atenção de investidores no aguardo de novas informações sobre os próximos passos do Fed; futuros caem no Japão e sobem na China

Mount Fuji and buildings in the Shinjuku district in Tokyo. Photographer: Kiyoshi Ota/Bloomberg
Por Matthew Burgess
18 de Agosto, 2024 | 08:04 PM

Bloomberg — As ações asiáticas estão encaminhadas para uma abertura com direções mistas nesta manhã de segunda-feira (19) no Oriente, antes das decisões-chave de bancos centrais na região nesta semana e da conferência anual do Fed de Kansas City em Jackson Hole.

Os futuros de ações na Austrália e no Japão estavam em queda, enquanto os da China e de Hong Kong subiram. Os contratos dos Estados Unidos mantiveram-se estáveis nas negociações asiáticas iniciais, após o S&P 500 ter subido 0,20% na sexta-feira (16). O dólar teve pouca variação.

O início calmo da semana ocorre antes da divulgação de novos dados de pedidos de auxílio-desemprego e da atividade econômica dos EUA, enquanto se espera que Jerome Powell talvez sinalize que cortes nas taxas de juros do Federal Reserve estão previstos quando ele falar em Wyoming na sexta (23).

Leia mais: Estas são cinco grandes perguntas para a reunião do Fed em Jackson Hole

PUBLICIDADE

O simpósio anual de Jackson Hole encerra um período volátil para as ações globais, parcialmente impulsionado pela preocupação de que o Fed não reduziria os custos de empréstimos rapidamente o suficiente para evitar uma desaceleração mais profunda nos EUA.

“Os mercados financeiros serão sensíveis a cada palavra sua”, escreveram estrategistas do Commonwealth Bank of Australia, liderados por Joseph Capurso, em uma nota. “Esperamos que Powell dê sinal verde para um corte do juro em 19 de setembro, mas também que ele mantenha a flexibilidade para cortes depois ou maiores, a depender dos próximos dados do CPI e da folha de pagamento [ambos de agosto].”

No fim de semana, o Goldman Sachs reduziu a probabilidade de uma recessão nos EUA no próximo ano de 25% para 20%, citando os dados de vendas no varejo e de pedidos de auxílio-desemprego da semana passada.

Se o relatório de empregos de agosto, que será divulgado em 6 de setembro, “parecer razoavelmente bom, provavelmente reduziríamos nossa probabilidade de recessão para 15%”, escreveram economistas do Goldman, liderados por Jan Hatzius, em um relatório para clientes no sábado (17).

O S&P 500 subiu pelo sétimo dia consecutivo na sexta-feira, à medida que a maioria das megacaps avançou, com a Nvidia liderando o movimento. A Nike registrou sua sequência de ganhos mais longa em mais de oito anos.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos caíram três pontos-base, para 3,88%, enquanto o dólar registrou sua terceira semana consecutiva de perdas - a maior sequência desde março.

Os fundos hedge passaram a ficar comprados em relação à moeda japonesa pela primeira vez desde 2021, após fortes oscilações nos mercados de câmbio terem levado a uma explosão de operações de carry trade com o iene. O ouro superou os US$ 2.500 na esperança de que o Fed esteja perto de cortar as taxas.

PUBLICIDADE

Leia mais: Com perspectiva de corte de juro, preço do ouro ganha força e supera US$ 2.500

Proteção contra a inflação

Assim como operadores de títulos se tornam mais confiantes de que a inflação está finalmente sob controle, um grupo de investidores discretamente acumula proteção contra o risco de um futuro aumento nos preços.

Esses gestores de fundos têm adquirido posições que protegeriam os retornos de renda fixa em caso de um choque inflacionário. Estrategistas de Wall Street também recomendam aproveitar a queda nos indicadores de inflação futura baseados no mercado para adquirir proteção a um custo menor.

Não é uma operação consensual.

Afinal, uma série de dados, incluindo leituras benignas de inflação dos EUA e do Reino Unido, sugere que as pressões de preços têm diminuído após anos de aperto monetário pelos bancos centrais globais.

Cortes nas taxas de juros já estão previstos, e a recessão substituiu a inflação como a principal preocupação. Essas notícias promissoras fizeram os rendimentos dos títulos de referência caírem drasticamente - mas talvez tenham caído demais, dizem alguns.

Veja mais em Bloomberg.com