Mercados asiáticos sinalizam abertura com ganhos na esteira de Wall Street

S&P 500 subiu quase 2% nesta terça em reação de investidores ao dado de inflação mais fraca nos EUA em outubro, o que reforçou apostas no fim do ciclo de alta do juro pelo Fed

Por

Bloomberg — As ações na Ásia estão prestes a seguir uma sessão de alta em Wall Street depois que uma desaceleração inesperada na inflação americana fortaleceu as apostas de que o ciclo agressivo de elevação das taxas do Federal Reserve chegou ao fim. Os rendimentos do Tesouro despencaram e o dólar caiu.

Os futuros indicaram aberturas fortes para os mercados de ações no Japão, em Hong Kong e na Austrália, após o S&P 500 subir 1,91% na terça (14), a maior alta desde abril. O Nasdaq Composite avançou 2,37%.

A Tesla liderou os ganhos entre as mega caps, enquanto a ação da Nvidia avançou pela décima sessão consecutiva. Os rendimentos dos Treasuries de cinco anos despencaram mais de 20 pontos-base, e o dólar caiu 1,2%, sua maior queda em um ano.

Os rendimentos dos títulos do governo de 10 anos da Austrália e na Nova Zelândia despencaram no início das negociações na Ásia, ambos caindo 12 pontos-base após um relatório mostrar que a inflação ao consumidor (o CPI) nos EUA em outubro desacelerou mais do que os economistas haviam previsto.

Enquanto a alta de Wall Street pode sinalizar a aposta em uma maior flexibilização das condições financeiras — e, em última instância, complicar o trabalho do Fed —, as apostas em uma “mudança de rumo” no próximo ano aumentaram.

Swaps do Fed indicam que as chances de mais uma elevação do juro caíram para quase zero — com o mercado precificando um corte de 50 pontos-base até julho.

“Os últimos investidores não convencidos de que o Fed terminou provavelmente estão ‘jogando a toalha’”, disse Bryce Doty, da Sit Fixed Income Advisors. “A próxima ação do Fed é mais provável que seja um corte no próximo verão [no hemisfério norte] do que outra elevação da taxa.”

As autoridades do Fed receberam positivamente os dados mais recentes mostrando a desaceleração da inflação nos EUA, ao mesmo tempo em que acrescentaram que ainda há um longo caminho a percorrer antes de atingir a meta de 2% do banco central.

Para Chris Larkin, da E*Trade, do Morgan Stanley, embora os números mais amenos do que o esperado provavelmente incentivem alguns investidores a começar a planejar cortes nas taxas em 2024, o Fed também provavelmente continuará a lutar contra essa narrativa.

“Eles [autoridades do Fed] tiveram uma longa corrida e não vão desistir só porque a linha de chegada parece estar um pouco mais próxima”, observou Larkin.

A queda na inflação sugere que a recente política monetária tem cumprido sua função, o que torna a perspectiva de um “pouso suave” - o soft landing - cada vez mais provável, segundo Richard Flynn, da Charles Schwab UK. A notícia reforça a probabilidade de que os oficiais do Fed “segurem” novas elevações nas taxas, observou ele.

Um processo desinflacionário intacto significa que o Fed pode “ficar de braços cruzados por enquanto”, o que reduziria o risco de uma política “excessivamente restritiva”, segundo Lauren Goodwin, da New York Life Investments.

Ainda assim, ela alertou os investidores para não ficarem “muito entusiasmados”, pois “as condições financeiras estão se flexibilizando novamente, o que mantém o Fed em alerta e altamente dependente de dados”.

O desafio do Fed é que o mercado tenta antecipar o “fim do jogo”, ou seja, arriscando uma flexibilização maior ou mais rápida nas condições financeiras do que o próprio banco central gostaria de ver, disse Krishna Guha, da Evercore ISI. “Então, espere que as autoridades do Fed mantenham um tom muito cauteloso e relativamente hawkish.”

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Por que o UBS espera que o Fed seja agressivo e corte o juro já em março de 2024