Mercados ajustam apostas de juros na Europa após inflação nos EUA

Com uma economia americana mais robusta do que a de outros países desenvolvidos, mercado se prepara para mais volatilidade e dólar mais forte

Consumidores
Por Alice Gledhill
11 de Abril, 2024 | 08:59 AM

Bloomberg — Os investidores agora apostam que o Banco Central Europeu e o Banco da Inglaterra farão menos cortes de juros este ano, depois que os dados de inflação mais fortes do que o esperado nos Estados Unidos desencadearam uma revisão das perspectivas de política monetária em todo o mundo.

Em dia de decisão de juros do BCE, os mercados monetários passaram a antecipar pouco menos de três reduções de 0,25 ponto percentual por parte da autoridade em 2024, a partir de meados do ano, comparado a uma probabilidade de um quarto corte de 50% precificada no início desta semana.

No caso do Banco da Inglaterra, os investidores ajustaram seu posicionamento para apenas dois cortes, ante três ontem. “Isso cheira a uma mudança de paradigma”, disse Benoit Gerard, estrategista de taxas da Natixis.

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Com uma economia americana mais robusta do que a maioria dos outros países desenvolvidos, o mercado se prepara para mais volatilidade e um dólar mais forte.

A taxa da nota alemã de dois anos subiu até quatro pontos-base, para 3% – o nível mais alto desde novembro. O euro, que teve sua pior queda diária em mais de um ano na quarta-feira (10), se enfraquecia um pouco mais na quinta. Os gilts britânicos eram negociados a taxas até 10 pontos-base mais altas ao longo da curva.

Diferentemente dos EUA, a economia da Europa está à beira de uma recessão há mais de um ano, uma divergência que se tornou ainda mais acentuada nas últimas semanas. E a inflação na zona do euro esfriou para 2,4% em março, contra 2,6% em fevereiro.

Mas uma política monetária mais hawkish (favorável a juros mais altos) nos EUA poderá dificultar a concretização de múltiplos cortes na zona do euro. Uma divergência significativa dos juros poderá pesar fortemente sobre a moeda comum europeia, potencialmente puxando o câmbio de volta à paridade com o dólar.

“A capacidade do Fed de cortar juros em breve poderá ficar ainda mais questionável no curto prazo se os dados permanecerem robustos e – mais importante – se a dinâmica da inflação americana se recusar a apontar novamente para a meta do Fed”, disseram estrategistas do ING, incluindo Padhraic Garvey.

“Para o euro, será importante a forma como o BCE se distanciando desta dinâmica.”

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