Kinea vê exterior como risco à queda da Selic e tem posições ‘moderadas’ em bolsa

Para a gestora, é importante monitorar o diferencial de juros em relação aos EUA, ‘principalmente se houver pouco prêmio’ para o investidor ficar no país

Fachada do Banco Central em Brasília
Por Felipe Saturnino
05 de Setembro, 2023 | 08:14 AM

Bloomberg — O ambiente internacional pode limitar uma queda mais rápida da taxa Selic, disse a Kinea Investimentos em carta mensal aos cotistas.

Para a gestora que pertence ao Itaú, com a tendência dos Estados Unidos de manter os juros elevados, em contraposição à política monetária do Banco Central de corte da Selic, dependerá do comportamento do câmbio se os juros vão ou não convergir para o patamar conhecido como neutro — aquele que equilibra o PIB no nível potencial e a inflação na meta.

Um choque cambial “muito agressivo” poderia colocar em risco o processo de convergência inflacionária no Brasil, levando-se em conta que o perfil fiscal do país está entre os mais arriscados das nações emergentes.

Uma variável importante a ser observada nesse sentido é o diferencial de juros em relação aos EUA, “principalmente se houver pouco prêmio” para o investidor permanecer no país, aponta a gestora.

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O Federal Reserve, banco central americano, está com as taxas nos maiores patamares em décadas, e tende a manter o nível elevado pelo menos até o começo de 2024.

Aqui, por outro lado, o Copom iniciou o ciclo de cortes da Selic e caminha para levar o juro básico para cerca de um dígito no próximo ano.

Desvalorização da moeda

O real registra uma desvalorização da ordem de 2% desde a decisão do Copom de iniciar o ciclo de corte de juros com uma dose maior do que a esperada pelo mercado, em 2 de agosto — no período, o dólar fez máximas no patamar psicológico de R$ 5.

No intervalo, a moeda tem um dos piores desempenhos na comparação com pares de países emergentes.

Apesar do ambiente inflacionário estar mais benigno que o esperado no Brasil, o processo de desinflação ainda não está completo, já que as projeções para o ano que vem apontam para uma inflação de 4%, acima da meta de 3%, segundo a gestora.

Nos níveis atuais, a gestora disse que não tem posições estruturais em juros brasileiros nem alocações no real. A Kinea segue com posições “moderadas” compradas (aposta na alta) em ações domésticas brasileiras de setores como construção civil, infraestrutura, shoppings e elétricas.

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