Bloomberg — O ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kenneth Rogoff, espera que os rendimentos dos títulos permaneçam em níveis elevados por um longo período e alertou que o Federal Reserve (Fed) “ainda tem uma luta pela frente” para ancorar as expectativas de inflação.
“Definitivamente, estou na escola que acredita que as taxas permanecerão altas pelo tempo que podemos ver”, disse em uma entrevista à Bloomberg Television. “Parece que os fundamentos apontam para ter taxas de juros mais altas por um longo período.”
O rendimento dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de 10 anos subiu de 4,1% no início de setembro para um pico de 4,88% na semana passada, seu nível mais alto desde 2007. A venda foi impulsionada por dados de empregos resilientes e inflação persistente.
Preocupações de que crescentes déficits federais exijam rendimentos mais altos para absorver mais oferta do Tesouro foram ilustradas por um acentuado aumento nos rendimentos reais ou ajustados à inflação dos títulos do Tesouro, o que sugere que os investidores tem exigido um prêmio maior para manter a dívida dos EUA.
“Acho que existem muitos fundamentos apontando para taxas reais elevadas”, disse o professor da Universidade de Harvard.
Ele acrescentou que os Estados Unidos precisarão gastar mais em defesa, a transição para a economia verde “envolverá muitos investimentos significativos” e a desaceleração da globalização é outro fator, “mesmo porque a China está desacelerando”.
O que poderia reverter a tendência atual de taxas mais altas? Quaisquer sinais de que elas “começam a afetar a economia real e tenham um efeito sobre os investimentos”, disse Rogoff.
Questionado se a economia dos EUA pode conviver com taxas de juros de 5%, Rogoff respondeu: “As taxas de juros subiram e talvez atinjamos uma recessão em algum momento, mas a economia não se desintegrou tanto quanto você pensa. A economia está se ajustando.”
Em junho, Rogoff disse à Bloomberg que o rendimento do título do Tesouro de 10 anos ficaria acima de 4% em média pelo resto da década.
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