Juros de títulos americanos têm novo salto com perspectiva de maior aperto do Fed

Os rendimentos dos títulos do Tesouro têm subido desde que o BC americano sinalizou na semana passada que poderia aumentar os juros mais uma vez este ano

Jerome Powell, presidente do Federal Reserve dos EUA
Por Michael McKenzie
25 de Setembro, 2023 | 01:57 PM

Bloomberg — Os juros que os investidores cobram para comprar Treasuries de longo prazo no mercado secundário americano saltaram para novas máximas diante da perspectiva de que o Federal Reserve manterá a taxa básica elevada e de que o déficit crescente das contas do país aumentará a oferta de novos títulos.

O yield do título de 10 anos do Tesouro americano saltou até 0,10 ponto percentual nesta segunda-feira (25), para 4,53%, a taxa mais alta desde outubro de 2007. O rendimento para quem comprou os Treasuries de 30 anos subiu até 0,12 ponto percentual, para 4,64%, um nível que não era visto desde abril de 2011.

Os yields têm subido desde que o Fed sinalizou na semana passada que poderia aumentar os juros de referência mais uma vez este ano e reduziu as expectativas de cortes em 2024, indicando que é provável que mantenha sua política monetária rígida por bastante tempo para domar a inflação.

“O Fed não é mais seu amigo”, disse Gregory Faranello, chefe da mesa de renda fixa e estratégia para EUA na AmeriVet Securities.

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A derrocada dos títulos gera perdas para quem tinha Treasuries em carteira e vendeu com baixa no preço para compradores que exigem rendimentos mais altos para assumir o risco. Como ela foi mais forte entre os vencimentos mais longo, a chamada inversão da curva de juros diminuiu.

O yield de 10 anos está apenas cerca de 0,60 ponto percentual abaixo do rendimento do título de 2 anos. É o menor spread negativo desde maio.

Uma curva é considerada normal quando as taxas sobem conforme aumenta o prazo, para dar conta da maior incerteza sobre as condições econômicas futuras. Mas a curva tende a se inverter em períodos de aperto monetário porque os yields mais curtos são mais sensíveis aos aumentos da taxa básica. Como o Fed já pode ter atingido o pico ou deve estar perto, o foco da incerteza volta a ser o longo prazo.

O pessimismo também foi sentido entre os Treasuries indexados à inflação, conhecidos como TIPS. O indexado de 10 anos foi negociado com uma taxa implícita de juros real — ou seja, descontada a inflação — de 2,15%, o nível mais elevado desde o início de 2009. A inflação ao consumidor dos EUA em agosto foi de 3,7%.

Há “espaço significativo” para as taxas dos TIPS de 10 a 30 anos subirem mais até o final do ano, possivelmente 0,50 a 0,75 ponto percentual, disse Earl Davis, chefe de renda fixa e mercados monetários da BMO Global Asset Management, em entrevista à Bloomberg TV.

-- Com a colaboração de Carter Johnson.

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