JPMorgan e Citi agora preveem dois cortes de juros de 0,5 ponto percentual este ano

Bancos de Wall Street revisaram as estimativas para a política monetária do Federal Reserve depois da divulgação de dados do mercado de trabalho mais fracos do que o esperado

Wall Street
Por Ye Xie
02 de Agosto, 2024 | 03:48 PM
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Bloomberg — Os bancos de Wall Street passaram a prever cortes mais agressivos na taxa de juros pelo Federal Reserve com base nas últimas evidências de que o mercado de trabalho tem esfriado.

Os economistas do Bank of America (BAC), do Citigroup (C), do Goldman Sachs (GS) e do JPMorgan Chase (JPM) atualizaram suas previsões para a política monetária dos EUA nesta sexta-feira (2), depois que os dados mostraram que a taxa de desemprego dos EUA aumentou novamente em julho. Todos passaram a prever que o Fed deve fazer cortes de juros ou mais cedo, ou maiores ou em maior número do que o estimado anteriormente.

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Os economistas do Citigroup disseram que esperam cortes de meio ponto porcentual na taxa de juros em setembro e novembro e um corte de 0,25 ponto em dezembro. Antes, o banco previa cortes de 0,25 ponto em todas as três reuniões.

Na visão do banco, após dezembro, o Fed deve fazer cortes de 0,25 ponto a cada reunião até meados de 2025, levando a taxa para o intervalo entre 3% a 3,25% ano, segundo a equipe liderada por Veronica Clark e Andrew Hollenhorst.

Michael Feroli, economista do JPMorgan, foi um pouco mais longe. Embora também tenha previsto cortes de meio ponto em setembro e novembro, seguidos de reduções de 0,25 ponto em cada reunião subsequente, Feroli disse que há “um forte argumento para agir” antes da próxima reunião, em 18 de setembro. Entretanto, o presidente do Fed, Jerome Powell, talvez não queira “acrescentar mais ruído ao que já foi um verão cheio de eventos”, escreveu ele.

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O relatório de empregos divulgado nesta sexta-feira (2) mostrou que as contratações nos EUA diminuíram, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,3%, a mais alta em quase três anos.

O aumento da taxa de desemprego fez com que sua média móvel de três meses ultrapassasse a mínima de 12 meses em meio ponto percentual. De acordo com a chamada regra de Sahm - criada pela ex-economista do Fed Claudia Sahm - isso significa que uma recessão está em andamento.

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O resultado alimentou uma nova recuperação no mercado de títulos do Tesouro. O rendimento do título de dois anos, mais sensível à política monetária, chegou a cair até 31 pontos-base para 3,84%, o menor valor desde maio de 2023, antes de reduzir a queda.

Os formuladores de política monetária do Fed se reuniram no início desta semana e sinalizaram que podem começar a reduzir os juros já em setembro, depois de manter a taxa de referência no patamar mais alto em duas décadas por mais de um ano.

Entretanto, em uma coletiva de imprensa após a reunião, Powell disse que um corte de meio ponto porcentual “não é algo em que estejamos pensando agora”. Ele também reiterou que o Fed “está preparado para responder” a uma fraqueza inesperada do mercado de trabalho.

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“Com o benefício do olhar em retrospectiva, é fácil dizer que o Fed deveria ter feito cortes esta semana”, escreveu Feroli, do JPMorgan. “Mesmo que o enfraquecimento das condições do mercado de trabalho seja moderado daqui para frente, parece que o Fed está pelo menos 100 pontos-base fora de jogo, provavelmente mais.”

Os contratos futuros das taxas de juros mostram que os traders veem uma chance de mais de 70% de um movimento de meio ponto em setembro, e estão precificando um total de cerca de 115 pontos-base de reduções até o final do ano. Uma onda de compras varreu o mercado de juros nesta sexta-feira, consistente com os apelos dos bancos por uma flexibilização agressiva.

O movimento remete à divisão que existia no início do ano, quando as previsões de até seis cortes de 0,25 ponto este ano refletiam as expectativas implícitas no mercado. Naquele momento, os diretores do Fed previam uma flexibilização de 75 pontos-base, com base em sua previsão mediana, que em junho foi alterada para 25 pontos-base.

Em entrevista à Bloomberg Television na tarde de sexta-feira, o presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, disse que o banco central não vai reagir de forma exagerada a nenhum dado econômico, fazendo eco aos comentários de Powell na quarta-feira.

Os economistas do Goldman, liderados por Jan Hatzius, acrescentaram um terceiro corte de 0,25 ponto na taxa de juros, em novembro, à sua previsão de que o Fed deve fazer um corte em setembro e outro em dezembro. Embora os dados de julho possam indicar com exagero a fraqueza do mercado de trabalho, se o relatório de agosto também for fraco, um corte de meio ponto na taxa em setembro “se tornaria provável”, escreveram eles.

A equipe da TD Securities, incluindo o estrategista-chefe de macroeconomia dos EUA, Oscar Munoz, vê um corte adicional de 0,25 ponto na taxa de juros em novembro. O time de economia já previa um corte em setembro e outro em dezembro. Para eles, o banco central deverá reduzir a taxa em 25 pontos-base a cada reunião no próximo ano, até novembro de 2025.

Os economistas do Bank of America, liderados por Michael Gapen, que defendiam cortes nas taxas a partir de dezembro, disseram que agora esperam a primeira medida em setembro.

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