Bloomberg — Os formuladores de política monetária do Federal Reserve podem finalmente estar prestes a cortar as taxas de juros.
Antes da reunião de política de dois dias nesta semana que começa, na terça (30) e na quarta-feira (31) à tarde em Washington, investidores estão atribuindo chances quase iguais à perspectiva de que o banco central dos EUA começará a reduzir os custos de empréstimos na decisão seguinte em março.
Isso torna a entrevista coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, após o encontro na quarta, e qualquer sinal que ele possa ou não escolher enviar, de vital importância. Tudo se resume a como Powell e seus colegas têm interpretado a recente sequência de dados econômicos.
Por um lado, os números de inflação continuam a surpreender para baixo. O indicador preferido pelo Fed, o PCE, desacelerou para 2,9% na taxa anual em dezembro, ou seja, abaixo de 3% pela primeira vez desde o início de 2021, de acordo com dados divulgados na sexta-feira (26).
Por outro lado, os gastos dos consumidores continuam surpreendentemente robustos. Sem dúvida, está recebendo um impulso da queda da inflação, mas a força pode manter algumas pessoas - e as autoridades - preocupadas com a hipótese de que as pressões de preços possam aumentar novamente.
O que diz a Bloomberg Economics:
“O palco está montado para o Fed dar passos em direção ao corte das taxas nos próximos meses. Esperamos que o Fed comece a reduzir a faixa da meta da taxa de fundos federais em março, na tentativa de fazer um pouso suave.”
— Stuart Paul e Estelle Ou.
À parte a decisão do Fed, haverá mais dados dos EUA nesta semana, dos quais o relatório de empregos referente a janeiro (payroll), que sai na sexta (2), será o mais importante.
As vagas de emprego e os dados de confiança do consumidor na terça-feira, juntamente com o índice de custo de emprego trimestral na quarta-feira, durante a reunião do Fed, também ajudarão a informar sobre a força real das perspectivas de gastos.
Em outras economias, as decisões dos bancos centrais do Reino Unido e da Suécia podem manter as taxas estáveis, enquanto três bancos centrais da América Latina, incluindo o do Brasil (veja mais abaixo), estão prontos para cortar os juros mais uma vez.
Os dados de inflação e PIB da zona do euro, juntamente com pesquisas de negócios da China, também manterão o foco dos investidores, e o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicará novas previsões na terça-feira.
Veja abaixo está um resumo do que está por vir na economia global.
Ásia
A China divulgará os dados de índices de gerentes de compras (PMIs) na quarta-feira, que lançarão luz sobre o estado atual da segunda maior economia do mundo.
Tanto o setor de manufatura quanto o de serviços se enfraqueceram desde setembro passado, com a queda na atividade fabril se aprofundando devido a contínuas discussões sobre a necessidade de mais estímulos para sustentar o crescimento ainda não sustentado.
As leituras oficiais serão seguidas pelos relatórios do setor privado para os Índices de Gerentes de Compras da China e os números correspondentes para outros países da região, que têm mostrado atividades lentas, em parte devido justamente à falta de ímpeto do vizinho.
Europa
- O Bank of England pode afastar-se de sua ameaça de elevar as taxas novamente, se necessário, depois que o crescimento dos salários do Reino Unido desacelerou em um dos ritmos mais rápidos já registrados. No entanto há motivos para cautela, especialmente após dados mostrarem um aumento inesperado da inflação no mês passado. A reunião acontecerá na quinta-feira (1).
- Os oficiais do Riksbank, da Suécia, já indicaram que não será necessário elevar novamente os custos de empréstimos, mas sua decisão no mesmo dia revelará o quão determinados eles estão em manter as taxas altas por enquanto.
A semana também é significativa em termos de divulgação de dados: países de toda a União Europeia apresentam números de crescimento (ou retração) do PIB e inflação.
Para a zona do euro, os economistas antecipam um segundo trimestre de contração de 0,1% - o que, se confirmado, atenderia à definição típica de recessão.
Também são esperados relatórios de inflação em toda a região, culminando no resultado para a zona do euro como um todo na quinta-feira.
É esperado um índice de 2,7% ainda notavelmente acima da meta do Banco Central Europeu, enquanto o chamado núcleo que exclui energia e elementos voláteis pode permanecer ainda mais alto.
América Latina
O Banco Central do Brasil sinalizou um quinto corte consecutivo de meio ponto percentual, para 11,25% ao ano, na reunião que acaba na quarta-feira, e uma sexta redução já está planejada para a reunião de março.
Os analistas consultados pelo banco central semanalmente preveem, por ora, uma taxa Selic de 9% ao ano até o fim de dezembro, mas pouca margem após esse ponto devido às expectativas de inflação persistentes.
O Brasil também conhecerá nesta semana a produção industrial de dezembro e a taxa de desemprego nacional.
Além do Brasil, Colômbia e Chile também terão decisões sobre os juros nesta semana.
O banco central da Colômbia está praticamente certo de reduzir as taxas pelo segundo mês consecutivo, embora os analistas tenham divergências quanto ao tamanho da redução. Uma leitura de inflação abaixo do esperado em dezembro pode persuadir o banco a cortar meio ponto percentual, para 12,5%.
O BC do Chile tem muito mais margem para manobra e pode votar por uma redução de 100 pontos-base para 7,25%. Os economistas consultados pelo banco veem a inflação de volta à meta de 3% neste ano.
Para encerrar a semana, a leitura preliminar do México sobre a produção da economia no quarto trimestre deve mostrar uma desaceleração em relação ao ritmo de 1,1% observado nos três meses até setembro, sob impacto de mais de um ano de custos de empréstimos de dois dígitos.
- Com a colaboração de Robert Jameson, Piotr Skolimowski, Laura Dhillon Kane, Paul Jackson e Monique Vanek.
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