Investidor aposta em outro ano de forte desempenho para dívida local emergente

Dívida pública em moeda local da América Latina tem o maior ganho anual desde 2009; pesos colombiano e mexicano são as duas moedas com melhor desempenho

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Bloomberg — Os títulos locais de mercados emergentes atraem investidores que esperam retornos substanciais com as mudanças de política monetária.

Os bancos centrais de muitas economias em desenvolvimento como Brasil saíram na frente na luta contra a inflação, aumentando — e depois reduzindo — juros muito mais rapidamente do que seus pares nos Estados Unidos e Europa. Isso ajudou a impulsionar o melhor ganho anual para a dívida pública em moeda local da América Latina desde 2009.

Agora, a Pimco está entre as grandes gestoras que se posicionam para mais ganhos em 2024. Apostas de que o Federal Reserve cortará juros no próximo ano, puxando o dólar para baixo, devem abrir caminho para uma política monetária ainda mais flexível nos mercados emergentes e aumentar os retornos dos ativos locais.

“Quanto mais nos aproximamos de um corte de juros do Fed, mais os investidores se inclinarão em direção a moedas locais”, disse Ricardo Navarro, chefe de renda fixa para América Latina no Itaú Unibanco (ITUB4).

“Os investidores querem rendimentos mais altos, e a tese é que, sem mais aumento do Fed, é melhor obter rendimentos maiores com moedas de mercados emergentes.”

Um indicador da Bloomberg para dívida pública em moeda local na América Latina registrou ganhos de 24% no ano até 7 de dezembro, em comparação com 10% para os títulos externos. Os pesos colombiano e mexicano são as duas moedas com melhor desempenho nos mercados emergentes este ano. O real vem logo em seguida, na quarta posição, depois do zloty polonês.

Na maioria dos outros mercados emergente, os bancos centrais têm sido mais lentos em seus ciclos monetários.

A dívida local de países do Leste Europeu, Oriente Médio e África deu aos investidores uma perda de 0,6% este ano. A lira turca, o rublo russo e o rand sul-africano estão entre algumas das moedas emergentes com pior desempenho em 2023. Os títulos locais dos emergentes asiáticos deram um retorno de cerca de 2,5% no mesmo período, segundo dados compilados pela Bloomberg.

O chefe de dívida de mercados emergentes da Pimco, Pramol Dhawan, tem apontado a classe de ativos como uma das principais apostas para 2024.

“Continuamos otimistas”, disse Dhawan, cujo fundo de títulos locais e moedas de mercados emergentes superou 95% dos pares no ano passado. “Na verdade, agora estamos mais otimistas ainda.”

Os investidores agora estão de olho na reunião de política monetária do Fed nesta quarta-feira (13). Embora nenhuma mudança de juros seja esperada, os dirigentes do BC americano atualizarão suas projeções para 2024 pela primeira vez desde setembro.

Se a redução de juros do Fed se concretizar, estrategistas do Goldman Sachs (GS) esperam que isso dê suporte à renda fixa na América Latina, com espaço para um alívio significativo dos juros no México e no Brasil.

Ao todo, governos e empresas de mercados emergentes emitiram cerca de US$ 1,5 trilhão de dívida em moeda local até agora este ano, um aumento de 4% em comparação com o mesmo período de 2022, segundo dados compilados pela Bloomberg.

As colocações foram lideradas por emissores chineses, sul-coreanos e indianos, mostram os dados, embora Brasil, Rússia, Tailândia e Arábia Saudita também tenham se classificado entre os mercados primários locais mais ativos.

“Há janelas de oportunidade na emissão soberana em moeda local”, disse Navarro, do Itaú. “Os emissores soberanos vão liderar o mercado pelo menos durante o primeiro semestre de 2024.”

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