Inflação perde força nos EUA e traz expectativa de fim de aperto de juros do Fed

Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 3% em junho em relação ao ano anterior; probabilidade de aumento adicional da taxa básica do Fed após este mês agora está bem abaixo de 50%

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Bloomberg — A inflação dos Estados Unidos mostrou forte desaceleração no mês passado, o que renovou as expectativas de que o Federal Reserve (Fed) possa em breve encerrar a campanha de aperto monetário mais agressiva em décadas.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) subiu 3% em junho no acumulado em 12 meses, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (12) pelo Escritório de Estatísticas Trabalhistas. Na comparação a maio, o indicador avançou 0,2%.

Excluindo alimentos e energia, o CPI registrou alta de 0,2% na comparação mensal. Na taxa anual, o núcleo do índice — que economistas veem como a melhor métrica da inflação subjacente — avançou 4,8%, o menor ganho desde o final de 2021, mas ainda bem acima da meta do Fed.

A probabilidade de um aumento adicional da taxa básica do Fed após este mês agora está bem abaixo de 50%.

Uma das principais razões para a desaceleração do índice geral se deve à comparação com junho de 2022, quando um rápido aumento nos preços da energia após a invasão da Ucrânia pela Rússia ajudou a elevar a inflação a uma máxima de quatro décadas. Nos próximos meses, as próximas leituras da taxa anual serão comparadas com números relativamente mais baixos.

Dito isso, o relatório destaca progresso na redução das pressões de preços desde o pico da inflação há um ano, com a ajuda de mais de um ano de aumentos das taxas de juros e demanda mais fraca. Ainda assim, a inflação está bem acima da meta do Fed e deve manter autoridades inclinadas a retomar o aperto na reunião de 25 e 26 de julho.

Embora uma alta da taxa na reunião deste mês tenha sido sinalizada como provável por várias autoridades do Fed, o comitê também levará em consideração os próximos relatórios dos preços ao produtor, expectativas de inflação e vendas no varejo.

Os dados também mostraram que uma categoria-chave em serviços, que exclui habitação e energia – observada de perto pelas autoridades do Fed ao avaliar a trajetória da inflação do país –, mostrou pouca variação em junho em relação ao mês anterior. Em 12 meses, o índice se desacelerou para 4%, também o menor aumento desde o final de 2021. No entanto, o Fed calcula esse dado com base em outro índice.

Divisão da categoria

O relatório destacou que os custos com moradia representavam mais de 70% do avanço mensal geral. Os preços da energia subiram, liderados pela gasolina e eletricidade. Os custos dos carros usados caíram pela primeira vez em três meses.

Os preços da moradia, que são o maior componente de serviços e representam cerca de um terço do CPI geral, subiram 0,4%, incluindo o menor aumento em um indicador importante de aluguéis desde o final de 2021. Muitos economistas esperam contínuo alívio dos ganhos de preços nas categorias de habitação nos próximos meses.

Autoridades do Fed também estão preocupadas com os preços das mercadorias — que provaram ser um fator desinflacionário útil no ano passado, mas mostraram sinais de força nos últimos meses. Sem incluir alimentos e energia, os preços dos bens caíram pela primeira vez em 2023.

Os preços dos mantimentos, que têm exercido grande pressão sobre os orçamentos dos americanos, ficaram estáveis no mês passado. Os custos dos serviços de assistência médica também mostram estabilidade.

Grande parte do que mantém a inflação elevada — além de impulsionar o restante da economia — é o mercado de trabalho resiliente. Empresas continuam a criar empregos em ritmo acelerado e os reajustes salariais ainda são fortes, permitindo que os americanos continuem gastando.

Membros do Fed concordam que os salários e a inflação estão relacionados, mas estão divididos sobre qual impulsiona o outro. Um relatório divulgado nesta quarta-feira mostrou que o salário médio por hora ajustado pela inflação subiu pelo quarto mês em junho. Em 12 meses, o índice avançou 1,2%, a maior alta desde março de 2021.

--Com a colaboração de Jordan Yadoo, Reade Pickert, Liz Capo McCormick, Sam Kim e Hannah Pedone

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