Inflação dos EUA, discursos do Fed e risco fiscal: os eventos que movem os mercados

Os operadores estão atentos às negociações nos EUA para evitar uma paralisação do governo, assim como às palavras de diretores do Fed enquanto esperam pelo IPC de outubro

Estes são os eventos que orientam os investidores e movem os mercados hoje
Por Bianca Ribeiro - Michelly Teixeira
14 de Novembro, 2023 | 07:28 AM

Barcelona, Espanha — A atenção dos mercados hoje está centrada no desempenho da inflação (IPC) dos Estados Unidos, com previsão de desaceleração para uma taxa anual de 3,3%. Ao mesmo tempo, os investidores avaliam os discursos de Philip Jefferson e Austan Goolsbee, membros do Federal Reserve (Fed), em busca de mais pistas sobre o rumo das taxas de juros no país.

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💲 Negócio fechado. Após mais de sete meses de expectativas, a Glencore vai adquirir uma fatia de 77% no negócio de carvão da Teck Resources por US$6,93 bilhões. A previsão é que dois anos após o fechamento do negócio, a Glencore desmembre e faça uma oferta pública de sua unidade de carvão para se concentrar na mineração de metais como cobre, níquel e zinco.

🥩 Pressão de custos. A JBS, maior produtora de carne do mundo, registrou uma queda de quase 80% no lucro ajustado de sua divisão de carne bovina nos EUA - maior negócio da empresa. Os custos maiores e as margens menores nesse segmento levaram o lucro total ajustado antes de itens a despencar 43% em relação a 2022, para R$5,41 bilhões (US$1,1 bilhão), pior do que a média esperada (R$5,49 bilhões), ainda que as divisões de frangos e suínos tenham mostrado resiliência.

👁️ Risco fiscal. As negociações em Washington para evitar uma paralisação do governo dos EUA no final desta semana voltam à cena, sobretudo após a agência classificadora de risco Moody’s ameaçar retirar a última nota máxima de crédito do país (Aaa), devido aos déficits e à polarização política. A secretária do Tesouro, Janet Yellen, reiterou na noite de segunda-feira (13) que a economia dos EUA é forte e os títulos do Tesouro são um ativo seguro.

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📲 Efeito Apple. A Hon Hai Precision Industry, braço da Foxconn e maior montadora de iPhones no mundo, teve lucro 11% maior no terceiro trimestre, embora as vendas tenham caído 12%, com o último lançamento da Apple em setembro ficando abaixo da estreia do aparelho antecessor. A previsão de analistas é de que a receita da empresa recue mais 4% no trimestre corrente e feche o ano com retração de 6,3%.

🛍️ China em foco. Além da inflação nos EUA, os mercados também aguardam indicadores de atividade na China, medidos em outubro, com previsão de alta de 7% nas vendas no varejo em relação a 2022, mas possível desaceleração em relação a setembro. Para a produção industrial e o investimento, a estimativa é de estabilidade, o que tende a confirmar a falta de tração da economia chinesa, apesar dos estímulos do governo.

🧧 Excesso de oferta. Antes do encontro, amanhã, entre os presidentes Joe Biden e Xi Jinping, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse ter compartilhado com seu homólogo chinês a preocupação em relação ao excesso de oferta de algumas indústrias apoiadas por Pequim, que poderia gerar tensões comerciais entre as maiores economias do mundo. A sobrecapacidade do país no setor de aço, por exemplo, tem sido apontada como um problema há anos, e os subsídios ao setor de veículos elétricos já são investigados na UE..

📈 O vaivém dos ativos. Os contratos futuros de índices dos EUA operavam em alta, enquanto as bolsas europeias mostravam sinais mistos. Na Ásia, os índices também fecharam em direções distintas. Em outros mercados, o prêmio de risco do título de 10 anos dos EUA, em queda, era de 4,616%. No mercado cambial, o euro e a libra se apreciavam em relação ao dólar, enquanto o iene se desvalorizava pouco. O ouro operava com valorização, assim como os contratos de petróleo bruto WTI, cotados ao redor de US$78 por barril.

(Com informações de Bloomberg News)

Os mercados esta manhã

🟢 As bolsas ontem (13/11): Dow Jones Industrials (+0,16%), S&P 500 (-0,08%), Nasdaq Composite (-0,22%), Stoxx 600 (+0,75%), Ibovespa (-0,13%)

Depois de um período de ganhos nas bolsas dos EUA, os investidores optaram por uma pausa antes de conhecer os dados do IPC norte-americano. Um cálculo do Goldman Sachs apontando queda média de 4% nas estimativas de lucro das empresas para o 4° trimestre também esfriou o ânimo nos mercados.

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Na Agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

EUA: IPC/Out, Relatório Mensal-IEA, Otimismo entre Pequenas Empresas-NFIB/Out, Índice Redbook, Estoques de Petróleo Bruto-API

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Europa: Zona do Euro (PIB/3T23, Variação no Emprego/3T23, Percepção Econômica-ZEW/Nov); Reino Unido (Taxa de Desemprego/Set); Alemanha (Índice ZEW de Condições Atuais e de Percepção Econômica/Nov); Espanha (IPC/Out)

Ásia: China (Produção Industrial/Out, Vendas no Varejo/Out, Taxa de Desemprego/Out); Japão (PIB3T23)

América Latina: Brasil (Crescimento do Setor de Serviços/Set); Argentina (IPC/Out)

Bancos centrais: Discurso de John Williams, Philip Jefferson, Austan Goolsbee (Fed), Philip Lane, Andrea Enria (BCE), Huw Pill (BoE)

Balanços: Home Depot, Nubank, Tencent

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

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Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem por redações e veículos focados em economia, como Valor Econômico, Agência Estado e Folha de S.Paulo.

Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.