Índices futuros do Japão caem 6% após eleição para liderança do partido governista

Vitória de Shigeru Ishiba, favorável à maior independência do Banco do Japão, eleva anseios sobre os rumos da política monetária no país

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Bloomberg — As ações no Japão apontam para uma queda na abertura desta segunda-feira (30), após as eleições do partido no poder aumentarem as expectativas de novos aumentos nas taxas de juros do banco central. Os investidores também estarão atentos aos acontecimentos no Oriente Médio.

Os futuros do Nikkei 225 caíram cerca de 6% depois que o iene disparou com a vitória de Shigeru Ishiba sobre a oponente moderada Sanae Takaichi no segundo turno da eleição para a liderança do Partido Liberal Democrata.

Ishiba disse que apoia a independência do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) e o caminho de normalização, em princípio, e que o país precisa derrotar a deflação. O dólar se manteve estável em relação às principais moedas nas negociações iniciais.

Os futuros das ações australianas apontam para um ganho inicial, enquanto os de Hong Kong estavam estáveis.

Os contratos dos Estados Unidos também estavam estáveis depois que o S&P 500 fechou levemente em baixa na sexta-feira. Um índice de ações chinesas listadas nos EUA subiu 4% na sexta, após a China anunciar mais medidas de estímulo.

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Os mercados mostram sinais de otimismo com a proximidade do último trimestre do ano, à medida que aumentam os indícios de uma melhora na perspectiva econômica global após as medidas da China e com os bancos centrais da Indonésia à Europa e aos EUA começando a reduzir as taxas de juros para estimular o crescimento.

As ações dos EUA estão preparadas para superar os títulos do Tesouro pelo restante do ano, enquanto os mercados emergentes são preferidos em relação aos desenvolvidos, de acordo com a última pesquisa Bloomberg Markets Live Pulse.

No entanto, o sentimento pode ser prejudicado se as tensões no Oriente Médio se intensificarem. O petróleo caiu levemente no início das negociações de segunda, enquanto os investidores aguardam a resposta ao ataque aéreo de Israel que matou o chefe do Hezbollah, Hassan Nasrallah, na sede do grupo na capital do Líbano, Beirute, na sexta-feira.

O ataque ocorreu depois que EUA, França e países árabes tentaram, nos últimos dias, desescalar a situação e evitar uma ofensiva terrestre israelense no sul do Líbano, temendo que isso pudesse desencadear uma guerra regional.

A embaixada do Irã em Beirute afirmou que os ataques de Israel são uma escalada perigosa e que trarão a punição apropriada. O presidente Masoud Pezeshkian, no entanto, evitou prometer um ataque direto e imediato a Israel em retaliação.

“Para os mercados, tudo se resume ao que o Irã decidir fazer”, escreveu Minna Kuusisto, do Danske Bank, em uma nota aos clientes. “Uma guerra total no Líbano traria outro conflito diretamente à porta da Europa, mas os mercados ignorarão o sofrimento humano enquanto o comércio de petróleo permanecer intacto.”

Os títulos do Tesouro dos EUA subiram na sexta-feira, à medida que a medida preferida do Fed sobre a inflação subjacente nos EUA e os gastos das famílias aumentaram modestamente em agosto, destacando um arrefecimento da economia.

Os investidores precificaram cerca de 72 pontos-base de redução até o final do ano, implicando uma forte chance de que o Fed reduza as taxas de juros em 50 pontos-base em uma das duas reuniões finais deste ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

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