Indicadores dos EUA, recessão no Japão e onda de recompras: os eventos que movem os mercados

Enquanto se preparam para leituras sobre a maior economia do mundo, os investidores observam a recessão japonesa, previsões empresariais e planos de recompra ou dividendos para os acionistas

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Barcelona, Espanha — Os lucros majoritariamente robustos ajudam os investidores a superar as preocupações com a inflação persistente. Depois que o relatório de preços dos EUA desta semana minou o otimismo quanto à iminente flexibilização da política de juros do Fed, os operadores se preparam para novas leituras sobre a maior economia do mundo. Hoje serão divulgadas as vendas no varejo, a produção industrial e a taxa de utilização da capacidade produtiva nos EUA, para os quais o mercado espera um tom positivo.

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🗣️ Vozes do Fed. O presidente do Federal Reserve de Chicago, Austan Goolsbee, disse ontem (14) que dados de inflação ligeiramente mais altos por alguns meses ainda seriam consistentes com um caminho de volta à meta de 2% do banco central. Para o vice-presidente de supervisão do Fed, Michael Barr, antes de começar a cortar as taxas é necessário reunir mais dados mostrando que a inflação se dirige à meta.

🇯🇵 Cai uma posição. A economia do Japão entrou inesperadamente em recessão após encolher por dois trimestres seguidos devido à anêmica demanda doméstica. Isso levou a uma reavaliação das previsões sobre o fim da política de taxa de juros negativa do país. Seu Produto Interno Bruto (PIB) contraiu-se a uma taxa anualizada de -0,4% nos últimos três meses do ano passado, após um recuo de -3,3% no trimestre anterior, informou o governo na quinta-feira. Assim, o Japão perde para a Alemanha o terceiro lugar como maior economia global, assumindo a quarta posição.

🤝 Onda de recompras. O Uber Technologies recomprará até US$ 7 bilhões em ações para devolver o capital aos acionistas depois de divulgar seu primeiro ano completo de lucro operacional e fluxo de caixa livre positivo em 2023. Suas ações subiram 15% ontem e seguiam em ligeira alta no pré-mercado. O Uber é a mais recente de um punhado de empresas de tecnologia a revelar planos para aumentar o retorno aos acionistas. A Meta anunciou este mês que planeja recomprar mais US$ 50 bilhões em ações e pagar seu primeiro dividendo trimestral, enquanto a Airbnb expandiu seu programa de recompra em US$ 6 bilhões na terça-feira.

🥷🏻 Pronta para a luta. A Stellantis está se preparando para um ano difícil, com o aumento da produção global de veículos pressionando os preços em um cenário mais amplo imprevisível. A fabricante dos veículos Jeep e Ram planeja contrapor esse impacto com uma série de novos modelos e conta com opções flexíveis em resposta, segundo a diretora-financeira Natalie Knight. E voltando ao tema “recompras de ações”, a Stellantis também anunciou o seu programa, no valor de €3 bilhões.

🚙 Para a alegria dos acionistas. A Renault fez uma previsão positiva de lucros para este ano, apesar da demanda fraca por veículos elétricos. A montadora francesa prevê uma margem operacional de pelo menos 7,5% para 2024, ligeiramente abaixo dos 7,9% do ano anterior, e planeja lançar dez novos modelos, incluindo o R5 totalmente elétrico. A empresa também anunciou seu maior dividendo desde 2019, refletindo o forte fluxo de caixa livre e recebendo elogios dos analistas.

As ações da Renault subiram mais de 5% nas negociações em Paris, apesar de uma queda de 10% no ano passado. O CEO Luca de Meo está direcionando a empresa para a recuperação, concentrando-se na redução de custos para novos EVs por meio de parcerias, depois de abandonar o IPO de sua unidade de EV e software, Ampere, devido a desafios como os cortes de preços da Tesla e a concorrência de empresas chinesas.

🏋️ Mais músculos. A Taiwan Semiconductor Manufacturing ganhou cerca de US$ 42 bilhões em valor de mercado depois que os investidores apostaram que a fabricante de chips da Nvidia e da Apple se tornará uma das maiores vencedoras de um frenesi de desenvolvimento de IA. A maior empresa de Taiwan subiu 7,9% no primeiro pregão após a pausa de uma semana do Ano Novo Lunar, impulsionando sua capitalização para um recorde de US$ 575 bilhões. Isso foi suficiente para ultrapassar a Visa e se tornar a 12ª empresa mais valiosa do mundo. O maior ganho da TSMC em mais de um ano ocorreu depois que o Morgan Stanley elevou seu preço-alvo para a fabricante de chips em cerca de 9%

⚡️ Fator de risco. Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, afirmou que salários em alta estão se tornando cada vez mais relevantes nas decisões dos formuladores de políticas sobre quando começar a reduzir as taxas de juros. Embora antecipe uma desinflação gradual ao longo de 2024, Lagarde destacou aos legisladores da União Europeia em Bruxelas que ainda existem riscos. Os formuladores de políticas precisam de mais confirmação de que as taxas de inflação estão caminhando para a meta de 2%.

📈 O vaivém dos ativos. Os contratos futuros de índices dos EUA operavam em alta. As bolsas europeias também subiam.

Na Ásia, as bolsas fecharam todas no azul. Os mercados da China continental permanecem fechados pelo feriado do Ano Novo Lunar.

Os prêmios dos títulos soberanos dos EUA a 10 anos hoje recuavam. Os contratos de petróleo WTI se desvalorizavam, mas os ativos atrelados ao ouro subiam. O bitcoin avançava, acima dos US$ 52.000.

(Com informações de Bloomberg News)

🗓️ AGENDA: Os eventos e indicadores em destaque hoje e na semana →

🔘 As bolsas ontem (14/02): Dow Jones Industrials (+0,40%), S&P 500 (+0,96%), Nasdaq Composite (+1,30%), Stoxx 600 (+0,50%), Ibovespa (-0,79%)