Ibovespa tem o melhor mês desde novembro do ano passado, com ganho de 6,5% em agosto

No dia, o índice fechou estável, com investidores repercutindo declarações do presidente do BC de que o aumento da Selic, se houver, será gradual; dólar recuou a R$ 5,61

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou perto da estabilidade, com queda de 0,03%, aos 136.004 pontos, nesta sexta-feira (30), em uma sessão influenciada por declarações de Roberto Campos Neto sobre um possível aumento gradual dos juros pelo Banco Central.

Preocupações fiscais, após a divulgação de um déficit primário do setor público consolidado acima do esperado, também deram o tom.

O dólar (USDBRL) chegou a avançar a R$ 5,69, mas perdeu força e caía 0,35% ao final do pregão na bolsa, a R$ 5,61.

Apesar do recuo no dia, o Ibovespa encerrou agosto com ganho acumulado de 6,54%, o maior avanço mensal em 2024 e o maior desde novembro do ano passado. Em um mês positivo para as ações brasileiras, o índice brasileiro zerou as perdas do ano e agora avança 1,36% até o pregão desta sexta.

Durante um evento organizado pela XP Investimentos, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que um possível ciclo de aperto monetário do Brasil seria gradual, em uma tentativa de reduzir as apostas dos investidores em grandes aumentos da taxa de juros a partir do próximo mês.

“Se e quando houver um ciclo de aumento da taxa de juros, ele será gradual”, disse Campos Neto, segundo a Bloomberg News. “O risco precificado na ponta curta da curva de juros não é compatível com a mensagem do Banco Central.”

As declarações ajudaram a amenizar o avanço do dólar e dos rendimentos dos juros futuros durante o dia diante das preocupações de investidores com a política de despesas do governo.

Dados divulgados nesta sexta pelo Banco Central mostraram que o déficit fiscal primário do setor público consolidado diminuiu para R$ 21,3 bilhões em julho, ante um rombo de R$ 40,873 em junho, mas ficou acima das estimativas dos economistas de um déficit de R$ 6,9 bilhões.

A preocupação com as políticas de gastos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a trajetória futura das taxas de juros ajudou a tornar o real a moeda de pior desempenho nos mercados emergentes este ano, com uma queda de mais de 14% em relação ao dólar.

Na agenda do dia, dados sobre emprego mostraram um mercado de trabalho forte. No trimestre encerrado em julho, a taxa de desemprego ficou em 6,8%, a menor taxa registrada no período, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A população desocupada caiu para 7,4 milhões, menor número de pessoas procurando por uma ocupação no país desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015.

Entre os ativos, o Itaú Unibano (ITUB4) foi a maior contribuição negativa em volume, com uma queda de 0,70%. O Banco do Brasil (BBAS3) e o Santander Brasil (SANB11) também recuaram. O Bradesco (BBDC4) e o BTG Pactual (BPAC11) ficaram estáveis.

As varejistas e empresas de bens de consumo também caíram e ficaram entre as principais perdas do dia. A Petz (PETZ3) liderou o recuo, com queda de 5,81%, seguida de Magazine Luiza (MGLU3), Azzas 2154 (AZZA3), Natura&Co (NTCO3) e Alpargatas (ALPA4).

A Lojas Renner (LREN3) recuou 0,23% e ficou entre as principais contribuições negativas.

Na outra ponta, as ações preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) subiram 0,10%, e os papéis da Vale (VALE3) avançaram 0,47%.

Destaque ainda para a B3 (B3SA3), que recuperou parte da queda na véspera e subiu 1,12%.

Estados Unidos

Em Nova York, as ações subiram na reta final de um mês de agosto turbulento, com os operadores se preparando para o que historicamente é conhecido como o pior mês para as ações.

Apesar das oscilações nos mercados globais há apenas algumas semanas, o S&P 500 fechou muito próximo de seus recordes históricos.

As ações dispararam nos últimos 10 minutos de negociação em Wall Street, com o S&P 500 subindo 1% e todos os seus principais setores em alta.

O índice registrou seu quarto ganho mensal consecutivo, em meio a dados que mostram que a economia está se mantendo aquecida, enquanto deixa aberta a possibilidade de o Federal Reserve cortar as taxas de juros em setembro.

Se um corte maior permanece em pauta, o relatório de empregos da próxima semana pode fornecer algumas pistas.

“Com o fim de agosto, o sentimento acalmou-se significativamente em comparação ao início do mês”, disse Mark Hackett, da Nationwide. “Muitas das maiores preocupações sobre a economia como um todo diminuíram. Setembro pode trazer alguns desafios sazonais, mas se os investidores conseguirem superá-los, esses desafios podem se transformar em vantagens no quarto trimestre.”

Um relatório divulgado na sexta-feira mostrou que o sentimento do consumidor nos EUA melhorou pela primeira vez em cinco meses, à medida que a inflação mais lenta e as perspectivas de cortes do Fed ajudaram a elevar as expectativas sobre as finanças pessoais.

A medida preferida do Fed para a inflação subjacente nos EUA — o índice de preços de despesas de consumo pessoal — subiu a um ritmo moderado.

O núcleo do PCE teve variação de 0,2% em julho, mesmo patamar de junho. Na comparação anual, o núcleo ficou em 2,6%, também no mesmo nível de junho, mas ainda acima da meta de inflação do Fed de 2%.

O núcleo é considerado o indicador mais importante pelo presidente do Fed, Jerome Powell, pois exclui as categorias de preços mais voláteis de energia e alimentos.

A Bloomberg Economics estimava um aumento de 2,7% em relação ao mesmo mês do ano passado.

O índice cheio do PCE também avançou 0,2% em julho, mesmo número de junho e igualmente dentro das estimativas de mercado.

-- Com informações da Bloomberg News