Ibovespa tem a maior alta desde março de 2023 com expectativa de cortes de gastos

Investidores reagiram a declarações de Fernando Haddad de que plano pode sair nesta semana; poucos dias atrás, o ministro disse que não havia data definida

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) teve o maior avanço diário em mais de um ano e sete meses e o dólar cedeu depois de atingir as máximas do ano na sexta-feira, com as expectativas renovadas de que o governo pode avançar com o plano de corte de gastos.

Investidores também se preparam para uma semana decisiva, com as eleições americanas nesta terça-feira (5) e reuniões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve.

O principal índice da bolsa brasileira recuperou parte das perdas da sexta-feira e fechou em alta de 1,87%, aos 130.515 pontos, o maior ganho diário desde 30 de março do ano passado. O dólar (USDBRL), por sua vez, caiu 1,30%, a R$ 5,79, depois de alcançar R$ 5,87 na semana passada. Em Nova York, os principais índices fecharam em queda, à espera da eleição no país.

No Brasil, investidores repercutiram declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que o governo está “na reta final” da elaboração do pacote de cortes de gastos após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O ministro afirmou que o trabalho está adiantado e que acredita que o governo esteja pronto para anunciar as medidas nesta semana, sem definir uma data.

Os comentários marcam uma mudança em relação à semana passada quando o ministro afirmou que não havia prazo nem uma data definida, e que a decisão final seria do presidente. A pedido de Lula, Haddad cancelou no fim de semana uma viagem que teria à Europa para compromissos oficiais e decidiu permanecer no Brasil para tratar das medidas.

As declarações deram alívio à curva de juros, o que beneficiou empresas de setores sensíveis ao crédito. Entre os ativos, destaque para o Magazine Luiza (MGLU3), que subiu 10,38%, e ficou entre as principais contribuições do Ibovespa em volume. A Cogna (COGN3) avançou 11,03%, a CVC (CVCB3) subiu 9,28% e a MRV (MRVE3) teve ganhos de 6,81%.

Entre as blue chips, destaque para a Vale (VALE3), o Itaú Unibanco (ITUB4) e o Bradesco (BBDC4), que também subiram e ajudaram a sustentar o índice. A Petrobras (PETR3; PETR4) fechou estável.

Mais cedo, o relatório Focus, do Banco Central (BC), desta semana mostrou alteração em quase todos os indicadores tanto para 2024 quanto para 2025. Em 2025, os economistas agora veem uma Selic a 10,50% ao ano. Na semana passada, a previsão era de 10,25%. Para 2024, a expectativa para a taxa de juros se manteve a mesma a 11,75% ao ano.

Os economistas consultados pelo BC agora enxergam o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao final deste ano a 4,59%, ante 4,55% na semana passada, acima do teto da meta. Para 2025, o IPCA previsto subiu de 4,00% para 4,03%.

O câmbio para 2024 passou para R$ 5,50, ante R$ 5,45 no relatório anterior. Ao fim de 2025, a previsão é a de R$ 5,43, relativamente mais alto que os R$ 5,40 da semana passada. A previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) não mudou para 2025. Mas, para 2024, saiu de 3,08% para 3,10%.