Ibovespa sobe com otimismo no exterior e alívio na percepção do risco no Brasil

Investidores reagiram a declarações de Fernando Haddad e Gabriel Galípolo, que fizeram as ações se recuperarem; dólar cai a R$ 5,59

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) teve o maior avanço diário desde o fim de setembro, impulsionado pelo sentimento de otimismo no mercado internacional e pela redução da percepção de risco em relação a ativos brasileiros.

O principal índice da bolsa brasileira fechou em alta de 0,78%, aos 131.005 pontos, o maior ganho desde 26 de setembro. O dólar (USDBRL) cedeu 0,33%, fechando cotado a R$ 5,59.

Investidores reagiram a declarações de Fernando Haddad e de Gabriel Galípolo em evento do Itaú. O ministro da Fazenda afirmou que o equilíbrio fiscal é a principal preocupação do governo e que um eventual aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda será neutro do ponto de vista da arrecadação.

Já o diretor de política monetária do Banco Central, que assumirá a presidência do órgão no ano que vem, disse que a atuação do banco no câmbio não irá mudar e que a política monetária deve continuar cautelosa.

“Quem está na academia ou no mercado tem mais graus de liberdade para desenvolver teses e fazer apostas. Mas a posição do Banco Central é sempre de ser mais conservador”, disse ele.

Outro fato que ajudou os ativos foi a notícia de que o governo prepara medidas de contenção de gastos após o segundo turno das eleições municipais, segundo a agência Reuters, que cita duas pessoas do Ministério da Fazenda com conhecimento do assunto.

Entre as ações, a Petrobras (PETR3; PETR4) subiu e foi a maior contribuição positiva em volume. Os papéis preferenciais da empresa subiram 0,24%, enquanto as ordinárias caíram 0,17%.

As ações do setor financeiro também ajudaram o desempenho do Ibovespa. O Itaú Unibanco (ITUB4) teve ganho de 0,64% e a B3 (B3SA3) avançou 1,78%.

Destaque ainda para o Assaí (ASAI3), que subiu 6,25%. A empresa informou ao mercado na sexta-feira, após o fechamento do mercado, que a Receita Federal aceitou os recursos da companhia para cancelar o arrolamento de ativos no valor de R$ 1,27 bilhões, relacionados a dívidas tributárias do Grupo Pão de Açúcar.

Na ponta oposta, a Vale (VALE3) recuou 0,32% e impediu um avanço maior do Ibovespa. As empresas do setor de petróleo registraram perdas e ficaram entre as maiores perdas, com o recuo do preço do petróleo. Entre elas, estão Prio (PRIO3), PetroRecôncavo (RECV3) e Brava (BRAV3).

Mais cedo, o Banco Central (BC) divulgou o relatório Focus. A pesquisa mostrou um aumento das projeções para a Selic em 2025, que passaram de 10,75% para 11% ao ano.

A previsão mediana do mercado para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao fim de 2024 teve ligeira alta, passando para 4,39%, ante 4,38% na semana passada. A previsão para o PIB em 2024 também subiu para 3,01%, ante 3,00% na semana anterior.

O Índice de Atividade Econômica do Banco Central do Brasil (IBC-Br), conhecido como prévia do PIB, por sua vez, registrou alta de 0,23% em agosto.

Em relação ao mesmo mês do ano passado, o índice subiu 3,1%. Em 12 meses, a alta foi de 2,5%. No acumulado do ano, o IBC-Br subiu 2,9%.

Estados Unidos

Em Nova York, os índices de ações atingiram novas máximas históricas enquanto investidores buscavam mais confirmações de que a economia americana caminha para um pouso suave.

Sem muitos dados econômicos esta semana, as expectativas sobre resultados trimestrais de empresas americanas impulsionam o sentimento em Wall Street.

O S&P 500 subiu quase 1%, alcançando outro recorde — o 46º este ano. Isso indica que os investidores apostam que esta temporada de balanços trará novamente surpresas positivas.

A temporada de balanços começou na sexta-feira, liderada pelos gigantes financeiros JPMorgan Chase e Wells Fargo. Além de outros grandes bancos que divulgam resultados esta semana, os traders estarão atentos aos balanços de empresas importantes como Netflix e JB Hunt Transport Services.

-- Com informações de Bloomberg News.