Bloomberg Línea — O sentimento de cautela com a mudança no cenário global fez os principais índices fecharem sem direção única nesta quinta-feira (18). O Ibovespa (IBOV) ficou de lado e encerrou a sessão com uma leve alta de 0,02%, aos 124.196 pontos. Enquanto isso, o dólar (USDBRL) avançou 0,12% e era negociado a R$ 5,25 no fechamento.
Os investidores continuam avaliando como a manutenção dos juros dos EUA em patamar elevado por mais tempo pode afetar os ativos. O presidente da regional de Nova York do Federal Reserve, John Williams, disse nesta quinta que não há pressa para reduzir as taxas de juros e que os dados econômicos determinarão o momento certo.
Williams afirmou que a política monetária está em um “bom lugar”. Quando questionado sobre a possibilidade de aumentar as taxas, Williams disse que não é sua expectativa principal, mas acrescentou que é possível se os dados econômicos justificarem para alcançar a meta de inflação do Fed.
“A política monetária está em um bom lugar”, disse ele na quinta-feira, no Semafor World Economy Summit em Washington. “Temos as taxas de juros em um nível que nos leva gradualmente aos nossos objetivos, então definitivamente não sinto urgência em cortar as taxas de juros.”
“Acredito que a política monetária está fazendo exatamente o que gostaríamos de ver”, afirmou ele.
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As declarações fizeram as ações recuarem e se refletiram nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, com a possibilidade não descartada de um aumento das taxas por parte do Fed. O rendimento do título de 10 anos subiu para 4,637%.
No Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em Washington que há mais chances de as taxas de juros globais ficarem mais altas por mais tempo. Segundo ele, há menos visibilidade à frente na economia global e os efeitos da reprecificação global ainda não são conhecidos.
Os investidores também seguem atentos aos riscos quanto ao equilíbrio fiscal, depois o governo reduzir a meta de resultado primário de 2025 e 2026.
A mudança deixou no mercado a percepção de que o governo “jogou a toalha” sobre o ajuste fiscal, segundo Mansueto Almeida, sócio e economista-chefe do BTG Pactual (BPAC11). Segundo ele, o Brasil precisa mostrar compromisso com as contas públicas que inclua a contenção de gastos para se diferenciar de forma positiva dos demais países emergentes e evitar a piora das expectativas. “O humor do mercado está azedando muito rapidamente”, disse Mansueto, que foi secretário do Tesouro entre 2018 e 2020, em entrevista à Bloomberg News.
Entre as ações, os papéis do Bradesco (BBDC4) caíram e estavam entre as principais contribuições negativas do Ibovespa. Por outro lado, Petrobras (PETR3;PETR4), Vale (VALE3), Itaú Unibanco (ITUB4) e Sabesp (SBSP3) tiveram alta.
A Sabesp avançou depois de o governo de São Paulo apresentar o modelo para a operação de follow-on que busca reduzir a participação estatal na empresa de saneamento.
As ações da Totvs (TOTS3) também subiram depois de analistas do Itaú BBA indicarem que estão mais confiantes em uma recuperação da empresa na segunda metade de 2024 depois de um primeiro semestre que tende a ser mais fraco, de acordo com relatório.
Outro destaque do dia, as ações da Azul (AZUL4) caíram e as da Gol (GOLL3) avançaram. Segundo reportagem da Bloomberg News, a busca da Azul por uma fusão com a Gol ganhou força nas últimas semanas.
No cenário em consideração, a holding Abra Group contribuiria com suas ações da Gol para o negócio com a Azul em troca de uma participação na companhia aérea combinada, disse uma das pessoas, pedindo para não ser identificada porque as discussões ainda são privadas.
- Com informações da Bloomberg News.