Ibovespa fecha em queda e tem o pior desempenho em três semanas; dólar sobe

Aumento da percepção do risco fiscal com o plano do governo de fazer uma reforma do IR afetou o desempenho de ativos brasileiros; em NY, índices batem recorde

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11 de Outubro, 2024 | 06:37 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) teve o pior desempenho semanal das últimas três semanas, à medida que investidores avaliam os impactos nas contas públicas da reforma do Imposto de Renda, ainda em estudo pelo governo, e novos dados que mostram uma economia em desaquecimento, enquanto aguardam a divulgação de um pacote econômico da China neste fim de semana.

O principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 0,28%, aos 129.992 pontos, nesta sexta-feira (11), após cair até 0,74% na mínima do dia. Com isso, o índice acumulou queda de 1,37% na semana, o segundo período consecutivo de perdas.

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O dólar (USDBRL) subiu 0,54%, fechando cotado a R$ 5,61, depois de avançar até R$ 5,65 no pico do dia.

O real e os ativos brasileiros foram pressionados pelo aumento da percepção do risco fiscal depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, no futuro, deseja isenções maiores do Imposto de Renda, além da sua promessa de elevar a faixa isenta para trabalhadores com salários de até R$ 5.000.

“O que queremos é isentar as pessoas com salários de até R$ 5.000 e, no futuro, isentar mais”, disse Lula em entrevista a uma rádio nesta sexta-feira (11).

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O mercado elevou a precificação de alta da Selic para 13,50% no final do ciclo de aperto monetário, no segundo semestre de 2025, diante da percepção de aumento dos riscos fiscais. Uma semana atrás, a aposta estava mais próxima de 12,75%.

Mais cedo, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que o volume do setor de serviços no país recuou 0,4% em agosto na comparação com julho.

Na comparação com agosto de 2023, o setor teve expansão de 1,7% no mês. No acumulado do ano, o volume de serviços cresceu 2,7% frente a igual período de 2023. Já no indicador dos últimos 12 meses, houve avanço de 1,9% em agosto de 2024, repetindo as últimas taxas de junho e julho.

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Para Claudia Moreno, economista do C6 Bank, o resultado de agosto só não foi mais fraco porque os serviços prestados às famílias tiveram um crescimento de 0,8%. Enquanto isso, os serviços de informação e comunicação (-1%) e de transportes, serviços auxiliares ao transporte e correio (-0,4%) contribuíram negativamente para o desempenho do setor.

Segundo ela, os números da indústria, do comércio e de serviços de julho e agosto indicam uma desaceleração do crescimento, mas sugerem uma resiliência, uma vez que as expectativas eram de um desempenho mais fraco.

“Daqui para a frente acreditamos que a atividade seguirá perdendo tração, já que fatores que impulsionaram a economia no primeiro semestre, como os estímulos fiscais, deixarão de contribuir positivamente para o PIB”, afirmou a economista.

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Entre os ativos, a Gerdau (GGBR4) recuou 3,76% e foi a maior contribuição negativa em volume para o Ibovespa. Investidores reagiram ao anúncio da siderúrgica americana Nucor, uma concorrente da Gerdau nos EUA, de uma redução imediata de preço de US$ 120 por tonelada da maior parte de seus produtos comerciais e estruturais. Para analistas do Itaú BBA, o corte de preços é negativo para a Gerdau.

Os bancos também tiveram um dia de perdas. O Itaú Unibanco (ITUB4) caiu 0,75%, enquanto o Bradesco (BBDC4) recuou 1,33%, puxando o Ibovespa para baixo.

A Petrobras (PETR3; PETR4), por outro lado, fechou perto da estabilidade, com as ações preferenciais caindo 0,08%, e as ordinárias recuando 0,17%.

A Vale (VALE3) foi um destaque positivo e subiu 1,45% com o aumento dos preços do minério de ferro, diante da expectativa sobre o anúncio de novas medidas de estímulo na China.

Os operadores do mercado aguardam a divulgação de um pacote econômico da China no fim de semana. Investidores e analistas esperam que a China anuncie até 2 trilhões de yuans (US$ 283 bilhões) em novos estímulos fiscais, enquanto Pequim busca fortalecer a segunda maior economia do mundo e aumentar a confiança.

Essa é a expectativa para o aguardado briefing do ministro de Finanças do país neste sábado (12), de acordo com a maioria dos 23 participantes do mercado pesquisados pela Bloomberg. A maioria dos entrevistados espera que os recursos venham na forma de títulos do governo.

Para além do valor de um pacote fiscal, a meta de apoio indicará para onde o governo pretende direcionar sua economia após anos de expansão alimentada pela dívida por meio de investimentos, especialmente em imóveis e infraestrutura.

Estados Unidos

Em Nova York, o início à temporada de balanços do terceiro trimestre ajudou a impulsionar os índices de ações às máximas históricas, depois que grandes bancos divulgaram resultados sólidos nesta sexta-feira.

O S&P 500 superou os 5.800 pontos, registrando seu 45º recorde em 2024. Os traders de ações, que estavam preocupados com a possibilidade de que os cortes de juros do Federal Reserve reduzissem os lucros dos bancos, perceberam que a situação não era tão ruim. O JPMorgan Chase apresentou um aumento na receita líquida de juros. No Wells Fargo, a receita líquida de juros caiu, mas a empresa espera que essa queda seja menos acentuada no último trimestre.

Os títulos do Tesouro americano tiveram pequenas oscilações, com os prazos mais curtos superando os outros. Um índice da Bloomberg de títulos dos EUA registrou a quarta semana consecutiva de quedas.

“Agora que o Fed iniciou seu ciclo de corte de taxas, a economia deve receber um impulso adicional com juros mais baixos em dívidas de cartões de crédito e empréstimos empresariais”, disse David Lefkowitz da UBS Global Wealth Management. “Como resultado, esperamos que os resultados do terceiro trimestre sejam consistentes com as tendências saudáveis recentes.”

-- Com informações de Bloomberg News.