Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 0,34%, aos 124.306 pontos, nesta sexta-feira (24), encerrando com perda acumulada de 3% na semana depois de uma sequência de seis sessões de baixa. É o maior recuo semanal desde março do ano passado. O dólar (USDBRL) subia 0,40% e era negociado a R$ 5,16 no fechamento.
O desempenho negativo do Ibovespa foi afetado por declarações de Roberto Campos Neto, de que as expectativas de inflação têm subido e que isso tem sido uma má notícia para a autoridade monetária.
O presidente do Banco Central afirmou que vários fatores podem estar contribuindo para o aumento, entre eles a política fiscal, o cenário externo nos EUA, a credibilidade do BC e a inflação de alimentos, em razão do desastre das enchentes no Rio Grande do Sul.
O último Boletim Focus do BC apontou um aumento nas expectativas para o IPCA de 2025, que é o principal foco no horizonte do BC. As previsões de economistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central subiram de 3,66% para 3,74% na última semana, a terceira alta consecutiva.
As pressões inflacionárias e o cenário internacional incerto tem feito economistas questionarem se o BC terá espaço para fazer um novo corte de juros na próxima reunião de junho.
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Entre os ativos, as quedas foram puxadas principalmente pela Petrobras (PETR3; PETR4), pelo Itaú Unibanco (ITUB4) e pela Suzano (SUZB3). Entre os bancos, Santander Brasil (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) também tiveram perdas.
A maior baixa do dia foi do Magazine Luiza (MGLU3), que encerrou com queda de 7,04%, a R$ 1,32. Na próxima segunda-feira (27), os papéis passam por um grupamento de 10 para um.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o governo federal deve vetar a de taxação de compras internacionais de até US$ 50, depois que uma proposta foi incluída em um projeto de lei de incentivos para o setor automotivo. O presidente, no entanto, disse estar aberto a negociar.
As declarações pesaram também sobre os papéis de outras varejistas que enfrentam concorrência acirrada de sites de e-commerce asiáticos, como a Shein. Casas Bahia (BHIA3), Lojas Renner (LREN3) e C&A Brasil (CEAB3) fecharam com perdas.
Petz (PETZ3), Raia Drogasil (RADL3) e Prio (PRIO3) recuaram e ficaram entre as maiores perdas.
Na outra ponta, a Azul (AZUL4) liderou os ganhos com alta de 5,18% depois de a companhia aérea acertar um acordo de codeshare com a Gol (GOLL4) para compartilhar voos domésticos, no momento em que o mercado avalia a possibilidade de uma fusão entre as duas companhias aéreas. Fora do Ibovespa, as ações da Gol subiram 11,90%.
O acordo envolve também os programas de fidelidade e vai permitir que membros do Azul Fidelidade e do Smiles acumulem pontos ou milhas no programa de sua escolha ao comprar os trechos inclusos no codeshare, segundo comunicado divulgado na noite de quinta-feira (23).
Segundo uma fonte ouvida pela Bloomberg News, o acordo é um primeiro passo em direção a uma eventual fusão entre as companhias, enquanto as conversas entre credores e acionistas ainda estão em andamento.
Os papéis do Bradesco (BBDC4) subiram e a Vale (VALE3) fechou com ligeira alta de 0,05%. As empresas foram as principais contribuições positivas no dia. Energisa (ENGI11), CSN (CSNA3), Minerva (BEEF3) e a holding Metalúrgica Gerdau (GOAU4) ficaram entre os maiores avanços.
Estados Unidos
O resultado do Ibovespa contrastou com o dos índices de Nova York, que fecharam em alta. Investidores repercutiram os dados de expectativas de inflação mais fracas entre os consumidores, o que favorece um corte da taxa de juros pelo Federal Reserve este ano.
Dados da Universidade de Michigan mostraram que os consumidores esperam que os preços subam a uma taxa anual de 3,3% no próximo ano, abaixo dos 3,5% esperados no início do mês.
O diretor do Fed, Christopher Waller, disse que ainda acha que a taxa de juros neutra é relativamente baixa, enquanto alertou que gastos fiscais insustentáveis poderiam alterar essa tendência.
Ontem, o presidente do Federal Reserve Bank de Atlanta, Raphael Bostic, deu mais razões para acreditar que as taxas podem permanecer elevadas por mais tempo. Segundo ele, a política monetária tem sido menos eficaz em desacelerar o crescimento do que em ciclos anteriores.
- Com informações da Bloomberg News
