Ibovespa fecha em queda e dólar recua a R$ 5,43 após tom mais duro do Copom

Investidores reagiram à possibilidade de o Banco Central fazer aumentos maiores da Selic; em Nova York, S&P 500 tem recorde

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19 de Setembro, 2024 | 06:04 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 0,47%, aos 133.123 pontos, em contraste com o avanço dos mercados internacionais. Em Nova York, o S&P 500 atingiu o nível recorde e o Nasdaq subiu mais de 2%.

No Brasil, investidores reagiram ao tom mais duro do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, na decisão que elevou a Selic em 25 pontos base, a 10,75% ao ano.

Analistas avaliam que os diretores do BC deixaram em aberto a possibilidade de fazer aumentos em ritmos maiores e subir a taxa de juros para um nível mais elevado.

Economistas da equipe de análises do Bank of America, liderados por David Beker, estimam que o Copom deve fazer dois aumentos de 50 pontos base nas reuniões de novembro e dezembro e, depois, mais um aumento final de 25 pontos base.

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“Depois disso, as taxas devem permanecer inalteradas por quatro reuniões consecutivas, com cortes começando em setembro de 2025″, afirmaram em relatório a clientes.

Com o aperto monetário no Brasil e o alívio nos EUA, o aumento do diferencial de juros favoreceu a valorização do real. O dólar (USDBRL) fechou cotado a R$ 5,43, com queda de 0,65%.

As ações de bancos e do setor financeiro recuaram e puxaram o Ibovespa para baixo. O Itaú Unibanco (ITUB4) recuou 0,27% e a B3 (B3SA3) cedeu 1,07%, sendo as principais contribuições negativa em volume. Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11) também recuaram.

Papéis de setores sensíveis aos juros também recuaram, com destaque para empresas de varejo, construção, logística e construção.

Destaque ainda para a Brava (BRAV3), que recuou 9,40% e liderou entre as maiores baixas. A empresa, formada após a combinação da 3R Petroleum e da Enauta, informou nesta quinta que prorrogou o período de parada do campo de Papa Terra para dezembro para manutenção.

A Petrobras (PETR3; PETR4) e a Vale (VALE3) fecharam em alta, ajudando a compensar parte das perdas do Ibovespa. A Prio (PRIO3) também avançou e ficou entre as principais contribuições positivas.

Estados Unidos

Em Nova York, a visão de que o Federal Reserve será capaz de promover um pouso suave da economia impulsionaram uma alta dos ativos de risco, com as ações atingindo máximas históricas.

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O S&P 500 subiu 1,7% — marcando seu 39º recorde em 2024 e ampliando o avanço deste ano para cerca de 20%.

As ações de tecnologia lideraram os ganhos, enquanto setores defensivos tiveram um desempenho inferior. O Nasdaq 100 subiu 2,6% e o Russell 2000, de empresas de menor porte, subiu 2,1%.

A decisão do Fed em cortar as taxas de juros em 50 pontos base e sua determinação em não ficar para trás em relação ao desaquecimento da economia reacenderam as esperanças de que o banco central será capaz de evitar uma recessão.

Dados divulgados na quinta-feira mostrando uma queda nos pedidos de seguro-desemprego para o nível mais baixo desde maio indicaram que o mercado de trabalho permanece saudável, apesar da desaceleração nas contratações.

Os títulos do Tesouro tiveram um desempenho misto, com vencimentos mais curtos superando os mais longos. O rendimento dos títulos de 10 anos subiu dois pontos base, para 3,72%.

- Com informações da Bloomberg News