Ibovespa fecha em queda com temor fiscal e recuo da Vale; dólar sobe a R$ 5,55

Somente três papéis tiveram alta nesta quinta-feira diante das preocupações com um corte de gastos menor do que o esperado; após o fechamento, Haddad anunciou congelamento de R$ 15 bi

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18 de Julho, 2024 | 06:34 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 1,39%, aos 127.652 pontos, nesta quinta-feira (18), diante das preocupações de investidores com o cenário fiscal e de um reposicionamento no mercado global que levou à queda dos índices de Nova York e das ações ligadas a commodities. O dólar (USDBRL) subia 1,19% e era negociado a R$ 5,55 ao final do pregão.

No Brasil, analistas do mercado financeiro esperam um contingenciamento de gastos abaixo do necessário para fazer frente à meta de zerar o déficit primário deste ano.

Na visão de economistas consultados pela Bloomberg News, o relatório de receitas e despesas, que será divulgado na segunda-feira (22), deverá trazer um congelamento entre R$ 10 bilhões e R$ 20 bilhões para este ano. O valor, entretanto, deve ser inferior ao que o mercado considera necessário para atingir o objetivo fiscal, segundo eles.

Após o fechamento, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo irá fazer um congelamento de R$ 15 bilhões no orçamento para cumprir as regras fiscais. Segundo Haddad, do total, R$ 11,2 bilhões serão em razão de estimativas de despesas que superam o limite do arcabouço fiscal. Os demais R$ 3,8 bilhões são relacionados à arrecadação insuficiente para atingir a meta do governo de zerar o déficit primário.

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Haddad disse que decidiu antecipar a decisão para evitar especulações. A decisão foi tomada em reunião nesta quinta da Junta de Execução Orçamentária (JEO), que inclui o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão), além de Haddad.

Os economistas se preocupam sobretudo com o aumento de despesas vinculadas ao salário mínimo, já que Lula prometeu manter a regra de aumento real, o que ajuda a elevar o déficit da Previdência. Os investidores também continuam céticos sobre a meta de zerar o déficit de 2025, apesar do corte de R$ 25,9 bilhões já anunciado para o orçamento do ano que vem.

Entre os ativos, a queda foi generalizada e apenas três papéis do Ibovespa subiram: Embraer (EMBR3), Weg (WEGE3) e as ações ordinárias da Petrobras (PETR3; PETR4).

A Vale (VALE3) teve perdas com o recuo do minério de ferro e ficou entre as maiores contribuições negativas para o Ibovespa em volume, junto dos papéis preferenciais da Petrobras. Itaú Unibanco (ITUB4) e B3 (B3SA3) cederam.

Destaque também para a Sabesp (SBSP3), que terminou o dia com perda de 1,91% a R$ 81,35, em dia de precificação da oferta de ações no processo de privatização da companhia. Segundo a Bloomberg News, o governo de São Paulo vendeu 191.713.044 ações a R$ 67 cada.

Um lote complementar de 28.756.956 ações também foi totalmente vendido ao mesmo preço, elevando o total arrecadado para cerca de R$ 14,8 bilhões, disseram pessoas que pediram para não serem identificadas porque a informação ainda não é pública.

O preço representa um desconto em relação aos níveis atuais. A empresa e o governo do estado não responderam imediatamente a pedidos de comentário.

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Estados Unidos

Em Nova York, os principais índices recuaram, refletindo as perdas das ações de grandes empresas de tecnologia e de outros setores, no momento em que sinais de fraqueza econômica superaram o otimismo sobre cortes de juros.

A convicção de que o Federal Reserve pode reduzir os juros neste ano levou a uma retirada das ações de maior capitalização de mercado, que eram vistos como ativos de segurança durante o aperto monetário em razão dos seus crescimento constante dos lucros.

Investidores estavam mudando o posicionamento para apostar em empresas industriais e de bens de consumo, embora essas ações também tenham caído nesta quinta-feira.

Os pedidos iniciais de seguro-desemprego aumentaram em 20.000 nos EUA, totalizando 243.000 na semana encerrada em 13 de julho, de acordo com dados do Departamento de Trabalho divulgados nesta manhã. A previsão mediana em uma pesquisa da Bloomberg com economistas era de 229.000 solicitações.

Na Europa, as atenções recaem sobre a política monetária, após decisão do Banco Central Europeu (BCE) de manter a taxa de juros. Depois do corte histórico do mês passado, o BCE está avaliando se a inflação da zona do euro está esfriando o suficiente para permitir novos movimentos.

Para setembro, a decisão está em aberto, segundo a presidente do BCE. Christine Lagarde. “A questão de setembro e do que faremos em setembro está totalmente aberta e será determinada com base em todos os dados que receberemos”, disse ela aos jornalistas nesta quinta, depois que manteve sua taxa em 3,75%.

-- Com informações da Bloomberg News.