Ibovespa fecha em queda com recuo do Bradesco e da Ambev; dólar sobe a R$ 5,79

Investidores reagiram à divulgação de balanços trimestrais e às preocupações nos mercados internacionais

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) estendeu as perdas nesta quinta-feira (31), influenciado pelo recuo nos mercados internacionais e pela divulgação de balanços, o que prejudicou o desempenho das ações.

O principal índice da bolsa brasileira fechou em queda de 0,71%, aos 129.713 pontos, o terceiro dia consecutivo de baixas. Com o resultado, o Ibovespa encerrou outubro com queda acumulada de 1,60%, depois de recuar 3,08% em setembro. O dólar (USDBRL) avançou 0,42%, fechando cotado a R$ 5,79.

O mercado de renda variável tem sido prejudicado pela perspectiva de aumento das taxas de juros no Brasil, pelos riscos fiscais elevados e pelas incertezas sobre a eleição americana.

Entre os ativos, o Bradesco (BBDC4) caiu 4,39% e foi a principal influência negativa em volume após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre.

O banco reportou nesta manhã de quinta-feira (31) um lucro líquido recorrente consolidado de R$ 5,2 bilhões no período, o que representa um crescimento de 10,8% em três meses e de 13,1% em 12 meses. O resultado veio ligeiramente acima do número esperado pelo mercado segundo o consenso de analistas consultados pela Bloomberg (R$ 5,14 bilhões).

A rentabilidade medida pelo ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio) ficou em 12,4%, um aumento de 1 ponto percentual no comparativo trimestral e de 1,1 ponto percentual na base anual.

Para analistas do BTG Pactual, a queda da margem financeira com clientes, que recuou 1,3% em relação ao mesmo período do ano anterior para R$ 15,6 bilhões, mostra um cenário desafiador para o crescimento da rentabilidade, em um ambiente de Selic mais alta e aperto dos spreads.

“Acreditamos que o ambiente para o crescimento do crédito está se tornando mais desafiador, dado o boom nos mercados de renda fixa e a redução dos spreads em empréstimos corporativos e consignados”, afirmaram analistas do BTG, liderados por Eduardo Rosman, em relatório.

Ações de demais bancos também caíram, com o Itaú Unibanco (ITUB4) recuando 0,65% e o Banco do Brasil (BBAS3) perdendo 0,15%.

A Ambev (ABEV3) caiu 2,24% e também influenciou a queda do Ibovespa após a divulgação do balanço do terceiro trimestre. Analistas do Itaú BBA ressaltaram o baixo crescimento (0,6%) do volume de cerveja vendido no Brasil em relação ao mesmo período do ano passado, que ficou abaixo do consenso.

Entre as blue chips, a Vale (VALE3) caiu 0,66%, e as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) tiveram alta de 0,17%. A WEG (WEGE3) teve leve recuperação em relação à queda da véspera e subiu 0,20%.

Estados Unidos

Em Nova York, os índices de ações também tiveram perdas depois que a Microsoft e a Meta informaram projeções (guidance) que ficaram abaixo das expectativas, o que aumentou as preocupações de que o ganho de quase 45% das ações das gigantes de tecnologia em 2024 pode ter ido longe demais.

A queda de 1,9% no S&P 500 apagou o avanço do índice em outubro, interrompendo uma sequência de ganhos mensais. O Nasdaq 100 caiu 2,4%. No final do dia, a Intel e a Amazon subiram, com as vendas das empresas superando as estimativas.

Todas as gigantes de tecnologia recuaram na quinta-feira em meio a preocupações sobre a capacidade dessas empresas de manter um crescimento de lucros enquanto investem bilhões de dólares em inteligência artificial.

As preocupações afetaram um mercado que já mostrava sinais de exaustão, perto de recordes históricos, antes da eleição nos EUA na próxima semana e da decisão do Federal Reserve.

Além disso, os dados divulgados nesta quinta mostraram que os pedidos de seguro-desemprego caíram para o nível mais baixo desde maio, enquanto um indicador chave de inflação aumentou.

Os títulos do Tesouro pouco se moveram na quinta-feira, mas fecharam o mês em queda devido a apostas de que o Fed não será muito agressivo com cortes nas taxas, considerando a força da economia.

O núcleo do índice de inflação mais acompanhado pelas autoridades do Federal Reserve (Fed), o PCE (Índice de Gastos Pessoais), subiu 0,3% em setembro, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (31) pelo Bureau de Análises Econômicas (BEA) dos Estados Unidos. Foi a maior alta desde abril.

O dado ficou dentro do esperado segundo estimativas coletadas pela Bloomberg, mas acima do 0,2% de agosto.

O avanço da medida preferida do Fed para a inflação subjacente reforça o argumento para um ritmo mais lento de cortes de juros após a grande redução do mês passado.

Em outro relatório divulgado nesta quinta, os pedidos de auxílio-desemprego nos EUA caíram na semana passada para o nível mais baixo desde maio, à medida que os estados do sudeste continuaram a se recuperar do impacto de duas tempestades severas.

-- Com informações de Bloomberg News.