Ibovespa fecha em queda com pessimismo no exterior após dados de emprego nos EUA

Dados mais fracos nos EUA reforçaram a visão de que a economia americana pode ter uma desaceleração mais forte do que a esperada; dólar recua

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02 de Agosto, 2024 | 06:12 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 1,21%, aos 125.854 pontos, nesta sexta-feira (2), sob influência de uma onda vendedora nos mercados mundo afora depois da divulgação de dados de emprego dos Estados Unidos mais fracos do que o esperado. Em Nova York, o S&P 500 recuou 1,84% e o Nasdaq perdeu 2,45%. O dólar (USDBRL), por sua vez, cedia 0,39% e era negociado a R$ 5,73 ao final do pregão da B3.

Com o resultado, o principal índice da bolsa brasileira teve perda acumulada de 1,33% na semana, o terceiro período consecutivo de perdas.

O relatório de empregos (payroll) divulgado nesta sexta-feira (2) mostrou que as contratações nos EUA diminuíram, enquanto a taxa de desemprego subiu para 4,3%, a mais alta em quase três anos.

A economia dos EUA criou 114.000 vagas em julho, resultado bem abaixo do esperado por economistas consultados pela Bloomberg, que previam a criação de 175.000 postos de trabalho no período.

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Os dados, que se somam aos pedidos de auxílio-desemprego acima do esperado divulgados na quinta, mostram uma desaceleração no mercado de trabalho dos EUA e dão mais confiança para que os diretores do Federal Reserve iniciem o corte de juros em setembro.

O aumento da taxa de desemprego fez com que sua média móvel de três meses ultrapassasse a mínima de 12 meses em meio ponto percentual. De acordo com a chamada regra de Sahm - criada pela ex-economista do Fed Claudia Sahm - isso significa que uma recessão está em andamento.

O resultado alimentou uma nova recuperação no mercado de títulos do Tesouro. O rendimento do título de dois anos, mais sensível à política monetária, chegou a cair até 31 pontos-base para 3,84%, o menor valor desde maio de 2023, antes de reduzir a queda.

Os bancos de Wall Street revisaram as projeções para a taxa de juros nos EUA e passaram a prever cortes mais agressivos do Federal Reserve com base nas últimas evidências de que o mercado de trabalho tem esfriado. Os economistas do Citigroup (C) e do JPMorgan Chase (JPM) agora que esperam dois cortes de meio ponto porcentual na taxa de juros em setembro e novembro.

“A narrativa está mudando rapidamente”, disse Billy Leung, estrategista de investimentos da Global X Management, em Sydney. “Como os dados da indústria e empregos estão apontando para níveis de recessão, os investidores agora estão questionando se o Fed vai começar a cortar tarde demais.”

Na temporada de balanços, as grandes empresas de tecnologia dos EUA, como Amazon (AMZN), Microsoft (MSFT) e Alphabet (GOOGL), falharam em mostrar para Wall Street que os bilhões de dólares que cada uma delas investiu em IA estão se traduzindo em vendas reais. Os resultados pesam sobre os índices acionários globais e ampliam o selloff do setor de tecnologia.

Desempenho das ações no Brasil

No Brasil, as ações mais ligadas à economia internacional recuaram, diante da perspectiva de demanda mais fraca e das incertezas da política monetária americana.

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Os papéis da Vale (VALE3) recuaram 1,39%, a R$ 59,41, e foram a principal contribuição negativa em volume. Na China, o preço do aço - que tem o minério de ferro entre as suas principais matérias-primas - caiu para o menor nível em mais de sete anos.

As ações preferenciais da Petrobras (PETR3; PETR4) tiveram queda de 3,01%, a R$ 35,73, refletindo o recuo do preço do petróleo no mercado internacional. A Weg (WEG3), que vinha de dois dias de alta após a divulgação de resultados financeiros acima do esperado, recuou 5,71%, a R$ 49,82.

Entre os bancos, o Itaú Unibanco (ITUB4), o Banco do Brasil (BBAS3), o Santander Brasil (SANB11) e o BTG Pactual (BPAC11) tiveram queda. O Bradesco (BBDC4) subiu e foi a principal contribuição positiva do Ibovespa em volume no dia.

O Magazine Luiza (MGLU3) subiu 7,12%, a R$ 11,57, e liderou entre as maiores altas, segundo de Eztec (EZTC3), Vamos (VAMO3), Petz (PETZ3) e CVC (CVCB3). As maiores baixas foram Embraer (EMBR3), Weg (WEGE3), Gerdau (GGBR4), Eletrobras (ELET3) e Prio (PRIO3).

Investidores se preparam agora para a divulgação de uma série de balanços na semana que vem. Entre eles, estão Bradesco e Vamos, na segunda-feira, seguidos de Itaú, GPA e Prio, na terça. Na quarta, Eletrobras, Minerva e Banco do Brasil divulgam resultados. E na quinta, é a vez de Petrobras, Embraer, Magazine Luiza, Sabesp, Suzano, B3, entre outros.

-- Com informações da Bloomberg News