Bloomberg Línea — Dados econômicos mais fortes nos EUA reforçaram o sentimento de cautela nos mercados de ações e fizeram os principais índices fecharem em queda nesta terça-feira (30), na véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve.
O Ibovespa (IBOV) acompanhou as bolsas de Nova York e encerrou a sessão com baixa de 1,12%, aos 125.924 pontos. Com o resultado, o principal índice de ações brasileiras acumulou perda de 1,68% em abril, depois de um recuo de 0,71% em março. No ano, o benchmark acumula queda de 6,16%.
A bolsa brasileira ficará fechada amanhã durante o feriado de 1º de maio nesta quarta, quando diretores do banco central americano definem o novo patamar da taxa de juros de referência dos Estados Unidos, o que acentuou o sentimento de cautela sobre os ativos brasileiros.
O dólar (USDBRL) reagiu às preocupações e subia 1,46%, negociado a R$ 5,19 no fechamento.
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O movimento nos mercados internacionais foi influenciado pela divulgação de um indicador dos custos trabalhistas nos EUA, observado de perto pelo Fed, que acelerou no primeiro trimestre mais do que o previsto, ilustrando pressões salariais persistentes que mantêm a inflação elevada.
O Índice de Custo de Emprego, que mede salários e benefícios, aumentou 1,2%, o maior em um ano, após subir 0,9% no final de 2023, de acordo com os números do agência de estatísticas americana divulgados nesta terça-feira. O avanço superou todas as projeções em uma pesquisa da Bloomberg com economistas.
No Brasil, a queda do Ibovespa foi influenciada principalmente pelas ações da Petrobras (PETR3; PETR4), Vale (VALE3), Itaú Unibanco (ITUB4), B3 (B3SA3) e Multiplan (MULT3), que ficaram entre as principais contribuições negativas. Varejistas como Magazine Luiza (MGLU3) e Casas Bahia (BHIA3) também cederam, assim como Yduqs (YDUQ3), Braskem (BRKM5) e Vamos (VAMO3), que ficaram entre as maiores perdas.
Apenas 12 ativos do Ibovespa registraram alta, com destaque para o Santander Brasil (SANB11), cujas units subiram depois de a filial do banco espanhol informar o balanço do primeiro trimestre.
O banco registrou um lucro líquido de R$ 3 bilhões (alta de 41% em 12 meses) e uma rentabilidade de 14%, indicando uma melhora, mas ainda longe do nível anterior à piora da qualidade do crédito (20%). Desde o segundo trimestre de 2022, o Santander Brasil só reportava lucro trimestral abaixo da marca de R$ 3 bilhões.
“O mercado aprendeu de forma dura que concedeu crédito além do que os clientes eram capazes de absorver. Hoje temos um entendimento melhor, um amadurecimento, sobre a pouca elasticidade da baixa renda. Temos uma proposta nova, mais segura, para ofertar crédito para o segmento massificado de varejo”, disse o CEO Mario Leão em teleconferência com analistas.
- Com colaboração de Sergio Ripardo e informações da Bloomberg News.